As naftoquinonas constituem precursores promissores para o desenvolvimento de novas moléculas com potencial
antibacteriano e antifúngico. Nesse contexto, esse trabalho teve como foco os compostos semissintéticos derivados da
β-lapachona pertencentes às classes dos naftoimidazóis (IM1, IM2, IM4, IM6 e IM7) e naftoxazóis (OX1 e OX2).
Esse estudo conduziu predições in silico e avaliou o potencial antimicrobiano, modulador de resistência e antibiofilme
dos derivados naftoquinônicos. Nesse intento, a tese foi dividida em capítulos que tiveram os seguintes objetivos: (i)
Realizar estudo de predições das propriedades físico-químicas, perfil farmacocinético e toxicidade (ADMET) das
moléculas; avaliar a hemocompatibilidade, a toxicidade aguda em modelo de Artemia salina e a concentração
inibitória mínima (CIM) das moléculas contra cepas de bactérias e fungos; avaliar o efeito modulador da resistência à
Norfloxacina das moléculas em uma linhagem de Staphylococcus aureus que superexpressa a bomba de efluxo NorA;
(ii) Avaliar o efeito dos compostos IM4 e IM7 na inibição da formação de biofilmes de cepas de Staphylococcus
aureus e Candida albicans; (iii) Investigar o potencial modulador do derivado naftoimidazólico IM7 sobre diferentes bombas de efluxo (TetK, MsrA, MepA, QacC e QacA/B) superexpressas em cepas de Staphylococcus aureus. Nos
estudos in silico, o perfil ADME e de toxicidade foi obtido por meio das plataformas SwissADME, ProTox-II e pk-
CSM, enquanto os ensaios de docagem molecular foram conduzidos no software AutoDock Vina. A avaliação in vitro
da atividade antimicrobiana foi realizada contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Candida albicans pelo
método de microdiluição em caldo. A modulação da resistência à norfloxacina e ao brometo de etídio foi investigada
na cepa S. aureus SA1199-B, e a atividade hemolítica foi avaliada pelo teste de difusão em disco em ágar sangue. Os
resultados indicaram que, exceto o derivado IM9, todos apresentaram solubilidade moderada em água. O composto
IM5 exibiu o melhor perfil de biodisponibilidade oral. Os derivados IM1, IM5, IM6 e IM8 demonstraram potencial
para atravessar a barreira hematoencefálica. Em relação ao metabolismo, a maioria foi capaz de inibir a enzima
CYP2C9; quanto à excreção, todos apresentaram eliminação renal eficiente. Com exceção da β-lapachona e do IM9,
os compostos foram classificados como nocivos nos testes de toxicidade. Nenhum apresentou efeito hemolítico. No
que tange à atividade antimicrobiana intrínseca, apenas o derivado IM6 apresentou ação contra S. aureus e C.
albicans. Na modulação da resistência, o melhor desempenho foi observado para o derivado IM4. Dessa forma, os
novos derivados demonstraram potencial antimicrobiano significativo, evidenciando-se como candidatos promissores
para o desenvolvimento de antibióticos e antifúngicos inovadores.