A Avaliação Dinâmica do Ciclo de Vida (ADCV) representa um avanço metodológico em relação à abordagem tradicional de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), ao permitir a consideração explícita de variáveis temporais, como condições climáticas, comportamento do usuário e composição da matriz elétrica. No contexto da construção civil, a ADCV possibilita capturar com maior realismo os impactos ambientais das edificações, sobretudo se tratando de consumo de energia operacional. Esta pesquisa propõe uma abordagem integrada para avaliar os impactos ambientais do resfriamento artificial de edificações localizadas em regiões tropicais, considerando variáveis dinâmicas e utilizando ferramentas de modelagem computacional em diferentes níveis de análise. Inicialmente, foram realizadas simulações paramétricas termoenergéticas com o software EnergyPlus™, considerando variáveis construtivas e climáticas. A partir dos resultados, aplicou-se um método de tomada de decisão multicritério (TOPSIS) para selecionar a solução construtiva ótima quanto ao desempenho térmico e energético. Em seguida, desenvolveu-se um inventário dinâmico de ciclo de vida com foco no consumo operacional de eletricidade, incorporando o efeito da mudança climática por meio de projeções de temperatura. Esse inventário foi modelado por regressão linear e por Rede Neural Artificial (RNA), permitindo prever o consumo de eletricidade para resfriamento ao longo das próximas décadas. Por fim, os impactos ambientais foram estimados a partir das categorias de impacto do modelo de caracterização CML2001 com base em uma matriz elétrica nacional projetada por RNA, sensível a variáveis externas como políticas públicas e metas de descarbonização. O consumo de energia aumentou 14% entre 2015 e 2065 para o cenário de operação contínua do sistema de resfriamento na habitação padrão, demonstrando o aumento da demanda de eletricidade considerando o aumento de temperatura provocado pelas mudanças climáticas. Para a habitação construída com o projeto construtivo ótimo, houve redução no consumo gira em torno de 100 kWh/m² em relação ao projeto padrão. Houve redução dos impactos ambientais avaliados, – Potencial de Aquecimento Global (GWP), com e sem carbono biogênico, Depleção de Recursos Abióticos Fósseis (AD), Toxicidade Humana (HTP inf.) e Ecotoxicidade Marinha (MAETP inf.) – mostrando que a descarbonização da matriz elétrica brasileira é um fator positivo para suprir o aumento da demanda de resfriamento provocado pelas mudanças climáticas em climas tropicais, especialmente em construções com adequação bioclimática.