INTRODUÇÃO: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio complexo do eixo neuro-endócrino-reprodutor que pode aumentar o risco de intercorrências maternas e neonatais. OBJETIVO: Avaliar as intercorrências maternas e neonatais na gestação de mulheres com síndrome dos ovários policísticos. MÉTODO: Estudo caso-controle, realizado em uma maternidade de referência de Teresina-PI, no período de janeiro a junho de 2023. A população do estudo compreendeu mulheres puérperas (< 24h pós-parto) internadas na maternidade no período do estudo que foram subdivididas em dois grupos: Grupo 1: mulheres no puerpério imediato, com diagnóstico prévio de SOP, e Grupo 2 (controle) composto por mulheres puérperas saudáveis sem SOP. A amostra foi de conveniência composta de 105 pacientes, sendo 49 puérperas com SOP (Grupo 1) e 56 puérperas sem SOP (Grupo 2). Os dados foram coletados em um questionário constando características sociodemográficas, antecedentes clínicos e variáveis gineco-obstétricas. Foram organizados e calculadas estatísticas bivariadas no software IBM® SPSS® 26.0. Para avaliar os preditores de intercorrências maternas e neonatais em mulheres com SOP, foi utilizado o teste qui-quadrado, com correção de yates. Em todos os testes, foi adotado um nível de significância de 5% e um nível de confiança de 95%. RESULTADOS: O presente estudo evidenciou que mulheres com SOP tendem a ser mais velhas (p=0,019), com um nível de escolaridade mais elevado (p=0,003), uma maior necessidade de uso de técnicas de reprodução assistida (p= 0,003), apresentam mais frequentemente ciclos menstruais irregulares (p< 0,001), e maior IMC (p=0,020). Este estudo também destacou uma prevalência mais elevada de partos pré-termo (p=0,007) e de cesarianas (p=0,017), além de maiores taxas de complicações durante a gravidez, como: a ameaça de aborto, (p=0,007), hipertensão gestacional (p=0,049); diabetes gestacional (p=0,042) e alterações no ILA, (p=0,013) em mulheres com SOP. Do mesmo modo, as complicações neonatais, incluindo nascimentos prematuros, (p=0,007), menor escore de Apgar primeiro e quinto minutos (p=0,006 e p=0,004) respectivamente, e a maior necessidade de internação em UTIN (p=0,032), foram mais comuns no grupo com SOP, sublinhando os impactos da síndrome na saúde neonatal. CONCLUSÃO: A Síndrome dos ovários policísticos pode ter impacto no aumento das complicações obstétricas como ameaça de aborto, hipertensão gestacional, diabetes gestacional, oligo/polidrâmnio; além de maior chance de complicações neonatais como prematuridade, menor escore de Apgar e maior necessidade de internação em UTIN, quando comparado ao grupo controle.