As doenças inflamatórias intestinais (DII) são enfermidades crônicas, imunomediadas, que causam inflamação do trato gastrointestinal (TGI). As duas principais DII são a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU), que podem ocorrer em pessoas com predisposição genética e que tenham sido expostas a gatilhos ambientais e o desencadeamento de alterações da microbiota intestinal, tendo como consequência, uma resposta imune desregulada na parede intestinal. O processo inflamatório crônico, causando manifestações clínicas orgânicas crônicas e persistentes, e determinando comprometimento da saúde física dos indivíduos acometidos, fomentam preocupações exacerbadas nesses pacientes, de modo que esses medos podem implicar prejuízo emocional e podem culminar em diversos transtornos psiquiátricos, tais como ansiedade, depressão, fadiga e distúrbios do sono. Neste sentido, as DII apresentam um impacto significativo na saúde mental dos pacientes, que comprometem o funcionamento psicossocial. O objetivo do estudo foi avaliar a ocorrência das alterações emocionais caracterizadas por ansiedade e a depressão em pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais que fazem acompanhamento regular no ambulatório de Gastrenterologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), localizado na cidade de Teresina, Estado do Piauí. O desenho do estudo foi do tipo observacional e transversal. Neste estudo foram incluídos 148 pacientes com Doenças Inflamatórias Intestinais, sendo 62 (41,9%) pacientes com Retocolite Ulcerativa e 86 (58,1%) pacientes com Doença de Crohn. Foi utilizada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) para avaliar os níveis de ansiedade e depressão, e diante da análise, foram encontrados resultados indicando que 45,3% dos pacientes com DC e 38,7% dos pacientes com RU tiveram o diagnóstico de ansiedade “possível” ou “provável”. Ademais, 34,9% dos pacientes com DC e 22,6% dos pacientes com RCU tiveram o diagnóstico de depressão “possível” ou “provável”. A explicação mais provável para o resultado do nosso estudo é que a depressão e a ansiedade são reações à DII, devido aos sintomas físicos característicos da doença, como diarreia crônica, dor abdominal e fraqueza geral, que podem causar sofrimento psicossocial significativo e a comunicação intrínseca e bidirecional entre o cérebro e o intestino. Diante deste desafio, é claro que uma abordagem multidisciplinar é essencial para o tratamento de pacientes com doenças crônicas, uma vez que a ansiedade e a depressão têm impacto significativo na trajetória das doenças.