Introdução: A gestação é um evento fisiológico e natural na vida da mulher e sua evolução se dá, na grande maioria das vezes, sem intercorrências clínicas e geralmente sem necessidade de intervenções médicas. Nesse tocante, a via de parto e as taxas de incidências de cirurgias cesariana destacam-se no cenário brasileiro devido sua inobservância dos indicadores recomendados pela OMS. Objetivo: Analisar as taxas de cesárea segundo a classificação de Robson em uma maternidade municipal de Picos-PI no período da pandemia de COVID-19. Metodologia: Trata-se de um estudo com delineamento metodológico de pesquisa documental retrospectiva, de abordagem quantitativa, utilizando-se de documentos secundários da plataforma do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DAENT) do Ministério da Saúde. O cenário de estudo foi uma instituição pública de saúde que presta serviço à gestante no município de Picos-PI, e abrangeu o recorte temporal do ano de 2017 a 2022. Os dados foram analisados seguindo a base de interpretação recomendada por Robson e adotada pela OMS como padrão de análise. Resultados e Discussão: Traçando o perfil sociodemográfico, o maior número de mulheres com parto cesáreo deu-se na faixa etária de 20 a 29 anos, com 8 a 11 anos de estudo, em sua maioria situação conjugal casada, mas durante a pandemia o percentual de mulheres solteiras se elevou e trata-se majoritariamente de mulheres pardas. Os grupos 1, 2 e 5 são reconhecidos como os principais propulsores para elevação das taxas de cesariana, pois representam cerca de dois terços da taxa global de cesáreas, no estudo percebeu-se uma redução pouco significativa de 3,64% comparando os períodos pré e durante a pandemia, destacando suas taxas muito superior ao recomendado para cada grupo de 10%, 20-35% e 50-60% respectivamente. O grupo 3 apresentou um percentual de 32,88% antes da pandemia, sofrendo elevação para 35,32% durante a pandemia. Já o grupo 4 apresentou redução significativa na sua média global durante o decurso da pandemia da Covid-19, de 92,17% para 60,85%. Tratando-se diretamente de situações obstétricas que conotam alto risco para o parto (Grupos 6, 7, 8, 9 e 10), percebe se que há uma completude de atendimento no hospital em estudo. Conclusão: O presente estudo evidenciou uma redução significativo nas taxas de cesáreas durante a pandemia. Mostrou uma movimentação das taxas de cesáreas em grupos específicos, relacionados a cesarianas com outras finalidades, excetuando o real risco materno ou neonatal. Além disso, demonstrou que os que os grupos da classificação considerados de alto risco mantiveram-se em constância diante a indicação prevalente da cirurgia cesariana.