Atingir o marco da velhice tornou-se uma possibilidade mesmo nos países mais pobres, apesar de que envelhecer por si só não é o suficiente, posto que também há a necessidade de se agregar qualidade aos anos vividos. No que se refere às condições de saúde, nos últimos anos, a globalização facilitou a maior disseminação de agentes patológicos. Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde - OMS declarou caráter emergencial de pandemia, tendo em vista o rápido contágio global provocado pelo novo coronavírus. Pôde-se constatar que as pessoas idosas estiveram entre as mais vulneráveis no que diz respeito à morbidade e mortalidade pelo vírus da covid-19, com 8 de 10 mortes em pessoas com 65 anos ou mais. Neste sentido, a pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus – covid-19 – afetou a vida da maioria dos cidadãos a nível global, especialmente entre os idosos, visto que domínios relacionados à qualidade de vida, saúde e bem-estar pioraram devido o contexto pandêmico em várias partes do mundo. Ao investigar a qualidade de vida sob a perspectiva dos idosos é necessário levar em conta as particularidades deste grupo, dado que as expectativas, concepções e as experiências entre pessoas idosas e mais jovens são divergentes e, portanto, a qualidade de vida subjetiva pode variar em função da faixa etária, de modo a ser influenciada pelos valores individuais e da sociedade em que vive. Assim, esta dissertação tem como objetivo geral apreender as representações sociais da qualidade de vida na velhice no contexto da pandemia da covid-19 entre idosas brasileiras e chilenas. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa. Utilizou-se dados com recorte transversal, amostra não probabilística e por conveniência. Participaram 100 mulheres idosas brasileiras, com idades entre 60 e 83 anos (M=69,24 e DP=6,58). Para a coleta dos dados, utilizou-se um questionário sociodemográfico, uma entrevista semiestruturada e a Técnica de Associação Livre de Palavras - TALP. Os dados coletados por meio da TALP foram submetidos à Análise Prototípica, e os obtidos por meio da entrevista semiestruturada foram submetidos à Classificação Hierárquica Descendente, ambas através do software de análises textuais Iramuteq. Os resultados apontaram que as representações sociais sobre a covid-19 enfatizam a morte e o medo da doença causada pelo novo coronavírus. Também fazem parte do campo representacional elementos que se associam a medidas de contenção do próprio vírus. Já as representações sociais da velhice ancoram-se em aspectos positivos e negativos, reconhecendo-a como uma etapa da vida, caracterizada também por fatores cronológicos.