O tamanho do átrio esquerdo é um importante marcador para o diagnóstico da doença diastólica. O remodelamento atrial em humanos encontra-se intimamente associado ao aumento das taxas mortalidade e focos de arritmias potencialmente malignas. Para estes pacientes humanos guidelines que
demonstram os benefícios do uso do volume atrial no estadiamento e seguimento da doença cardíaca encontram-se bem estabelecidos. No entanto, na Medicina Veterinária, os parâmetros para a correta determinação das dimensões atriais ainda não estão completamente elucidados. Trabalhos mais
recentes indexaram o volume atrial pelo peso do paciente, levado em consideração os critérios de classificação de pacientes portadores de doença mixomatosa valvar mitral, este último com a maior amostra até o momento relacionada ao perfil dos pacientes com DMVM, processo patológico que mais
comumente acometem cães de média e idade mais avançada. o presente trabalho tem como objetivo a avaliação da volumetria atrial utilizando a indexação por superfície de área corporal, conforme encontra-se prontamente estabelecido nos consensos da medicina humana, utilizando animais sem alterações valvares identificadas ao exame ecocardiográfico, com dimensões atriais dentro dos padrões de normalidade estabelecidos pelos métodos de mensuração já publicados para a espécie canina. Foram estudados 50 cães saudáveis submetidos a exame ecocardiográfico para definir o volume atrial esquerdo (VA) indexado à superfície da área corporal, comparando-o com métodos tradicionais já estabelecidos na Medicina Veterinária. O exame eletrocardiográfico foi realizado para comparar a duração da onda P com as variáveis de volume atrial. As médias das variáveis estudadas foram: 1) Volume Biplano (mL) AE de 6,76±4,56; 2) volume de AE (mL/Kg) de 0,554±0,179; 3) volume de AE indexado à superfície da área corporal (mL/m2) de 13,28±5,26; 4) relação Ae/Ao de 1,36±0,19; 5) velocidade de onda E de 72,41±18,10; 6) Relação E/E' de 14,11±5,43; 9) Duração da onda P de 43,36±3,77ms. Tanto o Volume Biplano (mL) AE (r=0,88) quanto o Volume AE (mL/Kg) (r=0,78) apresentaram alta correlação com o Volume EA indexado. Velocidade da onda E mitral (r=0,35); relação E/E' (r=0,31); E/IVRT (r=0,31), variáveis que sinalizam alterações no enchimento ventricular, apresentaram correlações moderadas. O volume do AE indexado foi superior a medidas como a relação átrio/aorta esquerda e outras variáveis tradicionais. Os resultados demonstraram que o Volume AE indexado ao peso corporal, para os animais estudados, é um método promissor e mais preciso, que pode ser utilizado na Medicina Veterinária, como já acontece na cardiologia humana.