A atual crise socioambiental tem sua origem às relações de perda de pertencimento do homem à natureza. Nesse contexto, o modo de produção de alimentos chamado de “agronegócio” tem contribuído massivamente com o processo, já que o seu ideal é o progresso e lucro para as grandes empresas que o sustentam. Entretanto, estudos afirmam que seguir nesse modelo de sociedade é encustar o percurso para o abismo, logo que, as grandes catastrofes socioambientais da atualidade são decorrentes de sua aplicação, sobretudo da produção de alimentos nele difundida. Assim, neste estudo procurou-se refletir sobre práticas que representam esse modelo de produção, disseminadas entre os agricultores familiares do município de Batalha (PI), cujo objetivo central foi analisar as mudanças ocorridas em suas práticas de agricultura influenciadas pelas tecnologias advindas do agronegócio bem como seus impactos socioambientais locais. A área de estudo foram duas comunidades campesinas, Frecheira/porco e Nogueira, onde através da técnica da bola de neve selecionou-se membros destas, com o máximo de conhecimento adquiridos na prática da agricultura familiar, para participarem da sessão de entrevista semiestruturada seguida por oficina participativa onde se trabalhou na construção da linha do tempo e mapa falado. Os resultados revelam que cerca de 60% do público pesquisado vem empregando substancialmente métodos desenvolvidos pela agricultura convencional. E, que devido às práticas adotadas vem perdendo a soberania alimentar saudável, a perda da diversidade biológica nos agroecossistemas ao passarem a diminuir as práticas de policultivo e fazer o uso agrotóxico, e têm ficado dependentes de insumos comercializados nas lojas agropecuárias. Ainda foi revelado que essas práticas são mais expressivas no assentamento Frecheira/porco, sendo que os agricultores da comunidade Nogueira em sua maioria mantêm as práticas tradicionais, fato que estar relacionado com as políticas públicas que se divergem entre ambas. Neste caso as áreas de assentamentos têm acesso a políticas de crédito com mais facilidade. Como decorrência dessa mudança o estudo detectou que: as relações sociais estão cada vez mais fragilizadas, a degradação das paisagens naturais tem sido uma recorrência, a perda de autonomia politica/social/ideológica é nítida e, a mazela pior, é o fato de que para muitos dos pesquisados, o cenário atual representa sobremaneira a sua inserção no mundo globalizado, pois é o contexto que está na moda no século XXI. Contudo, ainda que o agronegócio represente um potencial problema para as comunidades rurais, mecanismos de seus interstícios vêm sendo usados no sentido de ludibriar as práticas tradicionais, milenares vividas pelos camponeses, para dar espaço ao projeto de desenvolvimento por este praticado.