A presente dissertação tem como objetivo analisar o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para pessoas idosas no município de
Castelo do Piauí, com ênfase nos imbricamentos de classe, gênero e raça/etnia
no perfil da população usuária. Fundamentada na Gerontologia Social Crítica, a
pesquisa adota uma abordagem qualitativa, ancorada no método materialista
histórico-dialético. Além da revisão bibliográfica e análise documental das
normativas da assistência social, a investigação também incluiu a pesquisa de
campo, por meio de entrevistas com pessoas idosas e profissionais do CRAS,
com o intuito de compreender como o SCFV reconhece, ou invisibiliza, as
especificidades das mulheres negras idosas em situação de vulnerabilidade. A
análise parte da concepção de que o envelhecimento é uma produção
histórico-social, atravessada por desigualdades estruturais, e busca
compreender como essas desigualdades impactam a participação dos usuários
no serviço. Serão ouvidas 10 pessoas idosas atendidas pelo Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS) de Castelo do Piauí, participantes do
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). A pesquisa
também abrangerá 03 profissionais da equipe técnica da unidade (01
psicólogo(a), 01 assistente social, 01 orientador(a) social) diretamente
envolvidos na implementação de ações voltadas à pessoa idosa. Por meio da
análise de conteúdo segundo Bardin (2016), foram construídas categorias
analíticas capazes de revelar as manifestações do racismo, sexismo e das
hierarquias de classe na prática cotidiana do SCFV. Concluindo que apesar da
política de assistência social ser uma expressão do trato dos problemas sociais
com equidade, a questão étnico/racial ainda é invisibilizada. O estudo contribui,
crê-se, para o fortalecimento de uma perspectiva interseccional nas políticas
públicas voltadas à população idosa.