O objeto de pesquisa desta tese foi o Trabalho Social com Famílias (TSF) nos Centros
de Referência Especializada da Assistência Social (CREAS) de Teresina-PI. Emerge da
problematização posta pela propaganda governamental atual de reestruturação do país e
consequentemente do SUAS com o retorno do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), e os questionamentos sobre os investimentos reais nos
serviços socioassistenciais, especialmente no Serviço de Atendimento Especializado a
famílias e indivíduos (PAEFI). A partir de 2016 a política de assistência social entra
num ciclo de retrocessos, posto pelo projeto ideopolítico dos governos de Michel Temer
e Jair Bolsonaro, ancorado no ultaneoliberalismo, com retorno da política de austeridade
fiscal e redução de gasto público nas políticas sociais. Em 2023 com a mudança no
governo federal renovou-se as expectativas após a retomada do Partido dos
Trabalhadores à presidência do país. A reorganização ministerial trouxe as propostas de
reestruturação do SUAS, ao trazer reabertura de serviços que atendem a diversidade, os
direitos humanos e a retomada dos serviços socioassistenciais pressupondo mudanças
na inclusão social e de reconhecimento das diferenças e enfrentamento das
desigualdades sociais, raciais e de gênero. O objetivo deste trabalho foi analisar o TSF
nos CREAS de Teresina-PI, visando identificar se de fato as expectativas de
reestruturação são visibilizadas, com investimentos diversos nos CREAS ou a
manutenção dos velhos problemas metodológicos, estruturais e de operacionalização do
TSF observando as desigualdades sociais, raciais e de gênero cujos imbricamentos
tornam determinados grupos sociais mais vulneráveis às consequências destas
desigualdades sociais. A tese confirmada pela pesquisa é que o contexto de reconstrução
do SUAS ainda não tem impactos claros sobre o TSF na proteção social especializada,
por falta de investimentos diversos em novas unidades, falta de ampliação das equipes e
de orientações técnicas quanto aos aspectos metodológicos e técnicos deste trabalho
social com famílias. O método adotado foi o do materialismo histórico-dialético que
permite superar o imediato, a pseudoconcreticidade e atingir a essência, por meio das
particularidades determinantes que os liga a universalidade, numa perspectiva da
totalidade social, da realidade como síntese de múltiplas determinações. A metodologia
foi a qualitativa, com uso das entrevistas semiestruturadas à equipe dos PAEFI no
município de Teresina. Além da pesquisa de campo conjugou-se a pesquisa
bibliográfica e a documental. A técnica de análise dos dados foi o núcleo de
significação, a aplicação da técnica consiste em três etapas 1) Levantamento de pré-
indicadores; 2) Sistematização de indicadores; 3) Sistematização dos núcleos de
significação. Os resultados apontam dificuldades pela equipe técnica de fundamentação
teórica sobre violência, família e equidade, de operacionalização por falta de orientação
técnica, dificuldades materiais, estruturais, recursos humanos, dentre outros. O trabalho
social com famílias na proteção social especializada, ainda não extrapolou a dimensão
da violência restrita as relações interpessoais, com falta de orientação específica para as
vítimas, restrições do trabalho com famílias a encaminhamento para outros serviços e a
rede de políticas sociais.