O aumento da produtividade da soja no MATOPIBA cresceu nos últimos 50 anos, assim como no Brasil, trazendo, com isso, prejuízos amo meio ambiente como desmatamento, poluição, extinção da fauna e flora local e graves conflitos sociais. Diante à expansão desenfreada da produção de soja e da crescente utilização de instrumentos socioambientais, como a certificação e programas de boas práticas agrícolas, este estudo objetivou avaliar a efetividade da certificação Round Table on Responsible Soy Association (RTRS) em reduzir os riscos jurídico-ambientais das empresas produtoras de soja localizadas no MATOPIBA e, de modo específico, analisar os dados abertos do IBAMA referentes às autuações ambientais das empresas, antes e depois da certificação, evidenciando o rigor existente no protocolo RTRS de certificação e nas narrativas estabelecidas pela certificação RTRS por meio da análise do discurso ambiental, a fim de ser identificado se seus discursos condizem com suas ações. Para tanto, foi coletado dados de autuações ambientais do IBAMA para posterior análise. Observou-se um número de empreendimentos certificados RTRS muito abaixo do esperado para a região, 4 empresas apenas, e um grande quantitativo de autuações contra a flora e controle ambiental nos anos de 2011 e 2012, com 2.160 e 2.309 autuações, respectivamente, apresentando uma tendência de redução de autuações nos anos seguintes, com sua menor incidência no ano de 2022. No entanto, por mais que as autuações cometidas pelas empresas tenham reduzido após a utilização da certificação RTRS, não se pode concluir que a certificação foi o único fator decisivo para tal indicativo, pois nos anos de 2020 à 2022 o mundo enfrentou a pandemia da Covid-19, onde houve uma redução e até paralização dos serviços em todos os setores. A análise do discurso foi realizada por meio do método análise documental, sendo estudado o protocolo da certificação e os sites das empresas certificadas RTRS no MATOPIBA, concluindo-se que a rigidez do protocolo RTRS nem sempre é identificada nos discursos das empresas membro, confirmando uma possível tendência de utilização da certificação RTRS ainda de modo experimental.