As mulheres quebradeiras de coco babaçu se constituem em grupos sociais que tradicionalmente estabelecem uma estreita relação com a natureza, permitindo uma associação entre geração de renda e manutenção dos seus meios de vida. O presente trabalho destinou-se a compreender os modos de vida das quebradeiras de coco babaçu como símbolo de resistência e o seu papel na luta pela conservação das florestas de babaçu no município de Miguel Alves, Piauí. Nesse sentido, foi delimitada como área de estudo o município de Miguel Alves, não só por ter se destacado como liderança na extração de amêndoas, mas principalmente pela importância sociocultural da atividade na reprodução social das famílias a qual essas quebradeiras de coco babaçu se encontram, priorizado a categoria das mulheres lideranças vinculadas à Associação das Quebradeiras de Coco do município de Miguel Alves, com foco nas experiências e trajetórias destas, que remetem à lutas e resistência a favor da libertação e preservação das florestas de babaçu. Para tanto, os aspectos metodológicos da pesquisa, foram baseadas em estudo bibliográfico, técnicas de história oral e etnografia, observações de vivências, anotações em diário de campo, além de produção de imagens. Tentar compreender e interpretar os saberes desses sujeitos sociais, requer a valorização de suas relações com a natureza, por meio de seus saberes e práticas tradicionais. Os resultados obtidos, demonstram que a partir da organização das mulheres e do movimento social na região foi possível alcançar importantes conquistas, à medida que propiciaram às mulheres quebradeiras de coco babaçu a afirmação de uma identidade coletiva, possibilitando que estas garantam a busca pelo empoderamento, tornando-as capazes de atuar e se expressar como organizações sociais e políticas que apresentam destaque e relevância local/regional. Dessa forma, a diversidade cultural e a redefinição das conexões entre sociedade e natureza, garantem a gestão territorial e o manejo dos espaços e recursos naturais. E no contexto local das quebradeiras de coco da comunidade Riacho do Conrado, foi possível observar a preocupação com as palmeiras e principalmente da sustentabilidade no extrativismo do babaçu na microrregião. A organização sociopolítica na comunidade apresenta um caráter ecológico, pois têm como pauta a luta pela proteção dos babaçuais. No entanto, apesar desse fortalecimento de identidade coletiva, podemos concluir que as políticas públicas hoje existentes não são capazes de amparar o desenvolvimento econômico da atividade extrativa na comunidade, visto que a mesma ainda permanece complementar a outras atividades da agricultura familiar, além da ameaça do avanço de atividades ligadas aos grandes empreendimentos agropecuários. Portanto, o presente trabalho, busca contribuir para a discussão e possível elaboração de políticas públicas e ações efetivas, que tenham como foco a mediação de conflitos socioambientais no território, além de contribuir para o desenvolvimento local sustentável na região, à medida que remete a valorização das sabedorias tradicionais, na construção de modelos de manejo sustentável melhor adaptados às condições locais.