RESUMO
Introdução: A pandemia de COVID-19 intensificou mudanças no padrão alimentar dos brasileiros, com maior consumo de refeições prontas, ultraprocessados, sódio e gorduras, associado à redução de hábitos saudáveis. Esse cenário tem impacto direto no estado nutricional e no aumento do risco para DCNT, especialmente entre universitários, grupo mais suscetível devido à rotina acadêmica. O estudo busca avaliar consumo alimentar e estado nutricional no período pós-pandemia. Objetivos: Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o consumo alimentar e o Estado Nutricional (EN) de acadêmicos do curso de Nutrição de instituições pública e privadas no período da PÓS COVID 19. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, recorte de um macroprojeto intitulado “Depressão, consumo de alimentos e transtornos alimentares pós-pandemia em universitários do curso de Nutrição de instituições de ensino”. A amostra foi composta por 409 estudantes de Nutrição, com idades entre 20 e 59 anos, de ambos os sexos, matriculados em instituições pública e privadas da cidade de Teresina-PI. A seleção dos participantes ocorreu de forma randomizada, proporcional ao número de alunos matriculados em cada instituição. O cálculo amostral foi realizado por meio do programa EPI-INFO (versão 6.0b), com intervalo de confiança de 95%. A coleta de dados foi realizada em 2023, por meio de um formulário socioeconômico adaptado e de um Questionário de Frequência Alimentar (QFCA) validado. Os dados foram coletados por uma nutricionista e um(a) acadêmico(a) de Nutrição. A análise estatística foi realizada com o software SPSS (versão 21), utilizando o teste qui- quadrado (χ²) para variáveis nominais e o teste t de Student para comparação de médias, com nível de significância de p≤0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFPI (parecer nº 5.914.613). Resultados: A amostra foi predominantemente feminina (91,5%), com maior proporção nas instituições privadas (51,4%). Observou-se diferença estatisticamente significativa entre sexo, idade média e tipo de instituição. A maioria dos estudantes era solteiro(a), com renda familiar de até dois salários mínimos e a cor parda mais autorreferida. Em relação ao vínculo empregatício, estudantes da rede privada apresentaram maior porcentual de emprego formal e informal, enquanto o desemprego foi mais prevalente na rede pública. O estado nutricional da maioria dos estudantes foi classificado como eutrófico (65,6% na pública e 58,9% na privada), com igual prevalência de sobrepeso (21%) e menor ocorrência de obesidade (6,2%). Mais da metade dos estudantes da rede privada não referiram mudanças recentes nos hábitos alimentares, enquanto 47,2% dos estudantes da rede pública relataram alterações. A maioria dos estudantes (76,7% da instituição pública e 74,7% das instituições privadas) não utilizava suplementos alimentares, tendo sido mais citada a creatina. Entre os alimentos mais consumidos, destacou-se o arroz branco em ambas as redes, enquanto a rede pública teve maior consumo de frutas e feijão, e a privada de pizza e pão francês. A presença dos Restaurantes Universitários na rede pública favoreceu escolhas alimentares mais equilibradas. A análise reforça a influência de fatores socioeconômicos, institucionais e demográficos nos padrões alimentares dos universitários. Conclusões: Conclui-se que o padrão alimentar dos acadêmicos segue a tradição brasileira, com predominância de arroz, feijão e proteínas. Contudo, estudantes da rede privada apresentaram menor qualidade da dieta, associada ao maior consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas, embora o estado nutricional geral tenha se mantido eutrófico.