Esta dissertação resulta da identificação das estratégias de manutenção de poder da branquitude brasileira a partir da narração no romance Água de Barrela (2018), de Eliana Alves Cruz, compreendendo este tema como uma lacuna de pesquisa nos estudos literários brasileiros. Temos como base teórica Maria Aparecida Bento (2022); Lourenço Cardoso (2017); Sueli Carneiro (2023), além de outros que auxiliam na compreensão das especificidades da branquitude no contexto brasileiro, assim como de estudiosos do gênero narrativo e, particularmente, do romance, como Yves Reuter (2002); Norman Friedman (2002) e Fernanda Miranda (2018). Ademais, a categoria de dicção própria, formulada por Lívia Natália de Souza, opera como ferramenta metodológica, visto que a branquitude, como problema ora posto, “[...] se dá não apenas pelo assunto em cena, mas pelo modo como ele se organiza esteticamente” (Souza, 2018). A análise apontou que o narrador do romance evidencia suas percepções sobre as ações das personagens brancas da família Vieira Tosta, utilizando um tom crítico e irônico. Além disso, a escolha de vocábulos e de expressões populares, as organizações lexicais e a pontuação, contribuem para criar uma narrativa que instiga o leitor a uma reflexão sobre aquilo que o rodeia no que diz respeito às relações raciais no Brasil.