A presente tese busca destacar a importância do afrogótico como uma forma de ampliação do entendimento sobre as experiências e vozes negras no campo da literatura de horror. Ao revelar as camadas de significado e a complexidade dessas narrativas, pretende-se evidenciar como o afrogótico não só reconfigura o gênero gótico, fazendo-o ressurgir com elementos que há seculos fazem parte dessa forma literária sendo utilizados de forma diferente, mas também oferece uma plataforma poderosa para a reflexão sobre questões raciais e de gênero. A tese de doutorado aborda o conceito e a abrangência da ficção especulativa, um termo cunhado por Robert A. Heinlein em 1947 e posteriormente expandido por estudiosos como Oziewicz (2017) e Jenkins (2021). A ficção especulativa é apresentada como uma supercategoria que inclui gêneros não-miméticos como fantasia, ficção científica e horror, bem como seus subgêneros e híbridos, onde se incui o gótico. A pesquisa destaca a importância da ficção especulativa, com foco no gotico, para autores marginalizados, particularmente os negros, que utilizam os tropos desse gênero para expressar seus anseios e suas vivências em suas narrativas. O trabalho foca em como Ralph Ellison, em 1952 utilizou em seu romance “O homem invisivel” caracteristicas da literatura gótica, podendo ser chamado de o primeiro romance afrogotico. São apontados trabalhos de outros autores como Aldri Anunciação, Megan Giddings, Victor Lavalle e Tananarive Due, mostrando como eles usam a ficção especulativa para explorar temas de racismo, opressão e identidade. Ao analisar essas obras, a tese usa como base autores como David Punter (2012), Fred Botting (2014) e Eve Kosfsky (1986) Sedgwick para argumentar que o gótico, oferece uma plataforma única para a expressão artística e a resistência cultural de autores negros. Conclui-se que o afrogótico, como subgênero da ficção especulativa, é uma ferramenta poderosa para desafiar discursos racistas e reacionários, oferecendo novas perspectivas e vozes anteriormente silenciadas.