A presença constante do gênero de autoajuda, que objetiva ensinar aos leitores técnicas de como alcançar sucesso financeiro, pessoal e/ou profissional, entre os exemplares de obras mais vendidas no mercado editorial brasileiro, liderado principalmente pelas vendas de livrarias exclusivamente virtuais, têm demonstrado a relevância social do gênero no Brasil. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo identificar quais discursos estão presentes em obras mais vendidas do gênero de autoajuda no mercado editorial brasileiro, nos anos de 2020, 2021 e 2022, e se tais títulos auxiliam para a construção de uma racionalidade que constitui o sujeito neoliberal. A pesquisa é conduzida por meio da base teórico-metodológica da Análise de Discurso Crítica (ADC), mais especificamente a abordagem dialético-relacional proposta por Chouliaraki e Fairclough (1999) e Fairclough (1989, 2001, 2003, 2006), que compreende ter a linguagem um papel fundamental na construção de relações assimétricas de poder, articulada com os estudos sobre neoliberalismo, desenvolvidos por Foucault (2008), Harvey (2014), Brown (2019), Andrade (2019), Safatle, Silva Junior e Dunker (2021) e Dardot e Laval (2016), assim como os estudos sobre o gênero de autoajuda de Rüdiger (2010), Turmina (2010) e Castellano (2014, 2018). Para análise e interpretação dos dados, foram utilizadas categorias analíticas propostas pela ADC, como a intertextualidade, a interdiscursividade e a modalidade. Os resultados evidenciam que os discursos presentes nas produções selecionadas reforçam a racionalidade neoliberal, por meio de uma condução que visa a responsabilizar o indivíduo sobre diversos aspectos da vida social, sendo ele o único responsável pelos resultados alcançados ou não no decorrer de sua vida, desconsiderando condições de desigualdade social, o que vem provocando um sofrimento psíquico a inúmeros indivíduos.