A presente pesquisa investiga as poéticas orais de performance na capoeira com recorte na produção oral de autoria de mulheres capoeiristas e tem como objetivo, elucidar o problema acerca da manifestação crítica relacionada a interseccionalidade entre gênero, raça e classe a qual mulheres capoeiristas estão inseridas e que viabiliza as distintas manifestações de poder entre homens e mulheres nos espaços de acontecimento da capoeira. Neste trabalho, a análise parte do cenário de invisibilização da identidade de mulheres capoeiristas no processo de autoria e canto das cantigas de capoeira. Para tonificar este objeto no âmbito dos estudos literários de performance oral são utilizadas como base das argumentações, as obras de Paul Zumthor (1997; 2018) como meios de elucidação das questões referentes às manifestações do corpo como instâncias de formulação de saberes e ainda, o conceito de corpo-tela em Leda Maria Martins (2021) que marca a ideia de que as compreensões podem ser definidas a partir de inscrições não discursivas. Aliando então as narrativas das cantigas de capoeira, de performance e autoria feminina, possibilita-se então a reformulação dos lugares que mulheres capoeiristas ocupam no universo da mandigagem e que contribuem para os debates acerca dos lugares de fala dessas mulheres. Este trabalho assume ainda, uma escrita costurada ao conceito de escrevivência de Conceição Evaristo. A palavra oraliturizada enraiza-se no corpo e manifesta conhecimento, desta forma, as cantigas de capoeira de autoria feminina fomentam os processos de emancipação do corpo de mulheres capoeiristas através de seus versos.