Esta pesquisa mensura, a partir de autorias guianenses, refletir sobre os pressupostos teóricos de Lélia Gonzalez sobre a Amefricanidade que cerca a literatura contemporânea escrita em língua francesa na Améfrica. Para tanto, delimitou-se os seguintes objetivos específicos: (I) Compreender a construção da identidade literária da Guiana Francesa como parte importante da compreensão da literatura guianense, deslocando as problemáticas de geolocalização para questões de identidade e de poética; (II) Propor a construção de redes de partilha e difusão de literaturas negras nas Américas a partir de poetas na Guiana Francesa, como parte de um fazer literário amefricano, conceito apresentado por Lélia González; (III) Propor a organização e notas a uma antologia poética de autoras contemporâneas guianenses como possibilidade de leitura em língua francesa e/ou em crioulo da Guiana Francesa. Esta pesquisa justifica-se à medida que ao deparar-se com as literaturas guianenses, percebe-se também presentes nesse departamento a construção de redes de leitura, partilha e difusão de literatura. Havendo a possibilidade de repensar essa literatura a partir de suas próprias dinâmicas e complexidades sem se reportar à tentativa de reuni-la acriticamente à outras literaturas de expressão francesa do continente americano. Assim, propôs-se uma literatura guianense com fôlego suficiente para ser entendida de forma independente da França hexagonal. Portanto, pensar esse fazer literário partindo das pesquisas que trabalham-se no Piauí, nos capacita a entender as literaturas através do conceito de amefricanidade. Essa Améfrica, possivelmente, compartilha epistemologias, vivências, literaturas e processos identitários. Esta pesquisa buscou desenvolver uma dissertação, explicitamente em Teoria da Literatura, que se proponha a discutir e ler literaturas negras contemporâneas do departamento francês como parte das literaturas amefricanas em língua francesa. Para isso, partimos do corpus de literaturas contemporâneas da Guiana Francesa como um estudo de caso. Acerca da escolha de um recorte de gênero, optou-se por poetas mulheres nascidas ou publicadas no território guianense, especificamente, mas não exclusivamente. À guisa de conclusões, propõe-se pensar a literatura guianense como literatura amefricana em língua francesa, o que também vai de encontro ao movimento de quebrar a homogeneização dos estudos literários francófonos, sugerindo novas formas de enxergar as produções literárias. A partir de Gonzalez, propomos, então, a terminologia de amefricanidade como uma categoria para reunir as literaturas produzidas nas Américas e Caribe, em particular, nesta pesquisa, as da Guiana Francesa, pois entende-se que esses territórios estão de muitas formas conectados, especialmente considerando uma literatura amefricana contemporânea de mulheres em língua francesa.