O presente trabalho se desenvolve na Barra do Poti, conhecida hoje como Poti Velho, na zona norte de Teresina-PI. É um território tradicional onde atividades como olaria, artesanato, pesca e horticultura fazem parte da vida cotidiana. Essa região é marcada pela presença de lagoas ricas em argila que sustentam a produção cerâmica local e têm grande importância cultural para a comunidade. Desta forma, esta dissertação tem por objetivo analisar o barro como mediador das relações sociais, investigando suas dimensões materiais, simbólicas e culturais, e suas conexões com a memória, identidade e patrimônio. A metodologia utilizada para atingir os objetivos propostos se constitui em uma pesquisa com abordagem da arqueologia do presente e colaborativa, empregando técnicas e métodos vinculados à etnoarqueologia e arqueologia etnográfica. O trabalho de campo está sendo realizado por meio de entrevistas semiestruturadas com artesãs e artesãos, registros fotográficos e observação participante da cadeia operatória ceramista com a descrição de técnicas, materiais e gestos. Os resultados parciais evidenciam o barro como elemento partícipe de sociabilidades e territorialidades, ao mesmo tempo em que se revela como parte integrante das relações que sustentam a vida comunitária. Nesse contexto, emergem também as dimensões de gênero que atravessam o trabalho artesanal e a (i)materialidade do barro que envolve tanto a matéria moldada quanto os conhecimentos, espiritualidade, memórias e histórias que orientam o fazer e que se manifestam na cadeia operatória da produção artesanal no presente. Cada peça moldada revela um diálogo contínuo entre corpo, gesto e memória, trazendo à superfície marcas de uma ancestralidade que atravessa gerações no Poti. Nesse processo, o barro se afirma também como patrimônio que se mantém vivo no cotidiano das artesãs e artesãos, reafirmando tradições, modos de fazer e vínculos com o território.