A assistência à saúde sexual, reprodutiva e planejamento familiar pode ser realizada nas Unidades Básicas de Saúde, porta de entrada para o usuário ao Sistema Único de Saúde e às Redes de Atenção em Saúde. Mesmo sendo métodos seguros, de eficácia comprovada inclusive na população adolescente e sem gestações prévias, o uso de Dispositivos intrauterinos (DIUs) ainda está aquém do esperado, quando comparado com índices globais. A dor é uma das barreiras colocadas pelas usuárias quando questionadas sobre a utilização desse método e ainda existe uma falta de padronização sobre uso de métodos para alívio da dor durante o procedimento de inserção. Objetivos: Comparar de forma randomizada a percepção de dor em mulheres submetidas à inserção de DIU de cobre -T380A, com e sem uso de anestésicos. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado, não cego, que foi realizado após aprovação da instituição envolvida e do CEP. A amostra foi constituída por 108 mulheres da Atenção Primária de dois municípios piauienses que tinham desejo de utilizar o DIU de cobre T380A como contraceptivo. Todas as participantes assinaram o TCLE e foram randomizadas em 3 grupos: Inserção de DIU- T380A com uso de uso de bloqueio paracervical (Grupo 1), uso de anestésico tópico (Grupo 2) e inserção sem uso de anestésico (Grupo 3). A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro de 2025 a março de 2025, por meio de formulários padronizados preparados para o estudo e pela Escala Visual Analógica (EVA) para avaliação da dor durante o procedimento. A normalidade das variáveis foi testada pelo método de Shapiro-Wilk, e a comparação entre os grupos foi realizada por análise de variância (ANOVA), seguida de teste post hoc de Tukey quando aplicável (nível de significância de 5%). Resultados: O Grupo 2 (lidocaína spray) apresentou menores escores médios de dor em todos os momentos do procedimento em comparação com os demais grupos. A diferença foi estatisticamente significante durante a etapa da histerometria, momento que apresentou maior percepção dolorosa em todos os grupos. Conclusão: A inserção do DIU T de cobre 380A é um procedimento seguro e com raras complicações. O uso de lidocaína em spray mostra-se uma alternativa eficaz e bem tolerada para a redução da dor durante a histerometria, etapa considerada mais dolorosa da inserção do DIU de cobre em todos os grupos, e pode ser recomendada como estratégia analgésica em contextos ambulatoriais.