A mortalidade materna, especialmente por infecção puerperal, é a terceira causa de morte materna no país, em Parnaíba-PI, a infecção puerperal foi a principal causa de morte materna em 2021, refletindo desigualdades socioeconômicas e fragilidades no sistema de saúde. A ocorrência deste grave problema de saúde pública frequentemente decorre da falta de identificação precoce dos fatores de risco e do diagnóstico oportuno, podendo levar a complicações graves. Assim, a sistematização da assistência de enfermagem (documentação dos dados e protocolos padronizados) contribui significativamente para a redução da morbidade e mortalidade maternas. OBJETIVO: Elaborar e aplicar um check-list na alta hospitalar para a sistematização da assistência à puérpera em um Centro Obstétrico da Rede Estadual de Parnaíba-PI, visando o diagnóstico precoce e controle da infecção puerperal. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo quali-quantitativo, observacional, analítico e transversal, dividido em três etapas: revisão integrativa da literatura em bases de dados científicas, entre os anos de 2017 a 2024, para identificar fatores de risco e estratégias de prevenção da infecção puerperal; análise da prevalência de infecção puerperal no Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM) entre 2017 e 2022, com foco nas notificações relacionadas ao local de estudo; aplicação de um check-list sistemático para avaliação de risco e diagnóstico precoce da infecção puerperal na alta hospitalar em centro obstétrico do município de Parnaíba-PI, com uma amostra de 103 puérperas. Os dados foram analisados utilizando estatística descritiva, testes de associação (Qui-Quadrado de Wald, teste t de Student, Mann-Whitney) e regressão logística binária no software R. Todas as análises estatísticas foram realizadas considerando um nível de significância pré-estabelecido em 0,05%. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A revisão sistemática identificou 30 artigos, categorizados em fatores associados, intervenções, perfil epidemiológico, prevalência/incidência e orientações para alta. A análise dos dados no SIM revelou quatro óbitos relacionados à infecção puerperal e sepse, sugerindo uma possível subnotificação no sistema de informação. Os resultados da aplicação do checklist com 103 puérperas indicaram que fatores sociodemográficos isolados (idade, procedência, raça/cor, escolaridade, profissão) não foram determinantes para a infecção puerperal. No entanto, fissuras mamárias (OR = 3,33; p = 0,018), laceração perineal (OR = 4,16; p = 0,029) e episiotomia (OR = 4,16;p = 0,029) foram identificados como fatores de risco significativos para a infecção pós-parto. Embora amaioria das puérperas apresentasse parâmetros vitais normais, uma parcela significativa tinhaalterações como edema e distensão abdominal. Através da aplicação do check-list proposto, foipossível diagnosticar precocemente mulheres com sinais de infecção ou susceptíveis de desenvolverinfecções, permitindo recorrer à conduta mais adequada, como orientações de prevenção, prescriçãopara tratamento em domicílio ou encaminhamento para tratamento de sepse no hospital. Os resultadosreforçam a importância dessas estratégias sistematizadas para reduzir complicações infecciosas nopuerpério. Este estudo oferece subsídios para ações estratégicas que podem ser incorporadas àspolíticas públicas voltadas ao cuidado materno. CONCLUSÃO: A infecção puerperal esteve maisassociada a fatores clínicos e intervenções obstétricas, como fissuras mamárias, lacerações perineais eepisiotomia. Parto cesáreo e trabalho de parto prolongado apresentaram tendência a aumentar o risco.A subnotificação de óbitos por sepse reforça a necessidade de aprimorar a assistência obstétrica, enquanto o check-list sistematizado mostrou-se eficaz na identificação precoce de riscos e na prevenção de desfechos graves.