INTRODUÇÃO: A violência por parceiro íntimo (VPI) é um fenômeno de alta frequência. Dados do Estudo Multipaíses sobre a Saúde da Mulher e Violência Doméstica, realizado pela Organização Mundial de Saúde com 24.097 mulheres entre 15 e 49 anos em 2005, apontaram prevalência de 15% a 71% de violência física ou sexual por parceiro íntimo em algum momento de suas vidas. OBJETIVO: Analisar os casos de violência por parceiro íntimo notificados em serviços de saúde de Teresina, no período de 2011à 2018. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo transversal analítico e ecológico, de séries temporais, realizado utilizando dados do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN). Foram selecionados apenas os casos de VPI, sem identificação das vítimas, os quais foram analisados segundo estatística descritiva e identificação de associação entre variáveis exploratórias e o desfecho (VPI versus Não VPI). As associações estatísticas foram verificadas por meio do teste o qui-quarado e foram calculadas as razões de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança de 95%, com nível de significância a 0,05. A tendência da notificação de VPI foi analisada por regressão linear pelo método de Prais-Winsten. RESULTADOS: No munícipio de Teresina foram notificados 5318 casos de violência contra a mulher no período de estudo da pesquisa (2011-2018), sendo 1988 casos de VPI, o que corresponde à 37,38% do total e casos. A maior ocorrência de VPI aconteceu com mulheres na faixa etária de 20-29 anos de idade (35,4%), seguida pela de 30-39 (27,5%). Quanto à escolaridade a maioria das vítimas tinha até 8 anos de estudo (56,5%), se autodeclararam pretas/pardas (49,9%) e sem companheiro (53,6%). Na maioria dos casos a VPI foi desferida por apenas um agressor (97,4%) e teve como principal local de ocorrência o domicílio (77,2%). Em 63,2% dos casos a violência era de repetição e ocorria durante a noite (65,2%). Segundo as características do agressor, a grande maioria era do sexo masculino (98,8%), não havia suspeita de ingestão de álcool em 54,5%. Sobre o tipo de agressor a maioria era cônjuge (52,9%), seguido por namorado (21%), ex-cônjuge (18,6%) e ex-namorado (7,8%). De acordo com os tipos de violência, a que se apresentou mais frequente foi a física (1671), seguida pela sexual (357), psicológica/moral (178) e tortura (25). CONCLUSÃO: Os dados apresentados mostram a elevada prevalência de usuárias vitimadas, e que fatores sociodemográficos, comportamentais ou de experiência de vida e pessoal podem tornar a mulher mais vulnerável à violência cometida pelo parceiro íntimo. Espera-se que os resultados aqui apresentados contribuam para a ampliação dos debates e na formulação de estratégias de promoção, prevenção, detecção e monitoramento das violências.