INTRODUÇÃO E OBJETIVO: Morte materna é definida como óbito ocorrido durante a gravidez, no parto ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais. A mortalidade materna é um importante indicador de saúde porque reflete as condições socioeconômicas do país e a qualidade de vida de sua população, assim como das políticas públicas que promovem as ações de saúde coletiva. No Piauí essa causa atinge taxas de 15%, sendo a terceira causa mais comum de morte materna. O objetivo deste estudo é avaliar as principais causas de morte materna por hemorragia e as intervenções realizadas durante internação destas pacientes na Maternidade referência no Estado do Piauí, Brasil no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2017. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo observacional, retrospectivo e analítico, desenvolvido em um centro de referência em atendimento às gestantes de um Estado do Nordeste brasileiro. MÉTODOS: Os óbitos maternos por hemorragia ocorridos entre 2008 e 2017 foram identificados através das informações contidas no prontuário da instituição e na declaração de óbito, portanto, foram incluídos os óbitos decorrentes de gravidez ectópica, aborto incompleto complicado por hemorragia excessiva, hemorragia tardia ou excessiva consequente a aborto e a gravidez ectópica e molar, transtorno da placenta, placenta prévia, descolamento prematuro da placenta, hemorragia ante parto não classificada em outra parte, trabalho de parto e parto complicados por hemorragia intraparto, hemorragia pós-parto. Esses dados foram colocados em planilha através do Programa Excel e a análise estatística dos dados foi realizada através da aplicação de métodos estatísticos descritivos e inferenciais, utilizando o software IBM SPSS Statistics versão 20. RESULTADOS: O total de óbitos maternos no período de 10 anos foi de 215, destes, 31 ocorreram por hemorragia. A idade média das pacientes que tiveram como causa da morte hemorragia foi de 26,3 anos; 50% eram solteiras; 63,6% não tinha escolaridade ou fizeram fundamental incompleto; 67,9% foram submetidas à cesariana; 96,8% foram encaminhadas para UTI. As síndromes hipertensivas foram as comorbidades mais associadas à mortalidade materna por hemorragia. A hemorragia pós-parto foi diagnosticada em 70,9% dos casos de morte materna por hemorragia, seguida descolamento prematuro de placenta 9,6%. A atonia uterina foi mais frequente dentro das causas de hemorragia pós parto (HPP) com 59,1% dos casos, seguida dos distúrbios de coagulação com 22,7%. O uso de ocitocina foi observado em 50% enquanto 27,5% foram submetidas à histerectomia total e 21,4% à histerectomia subtotal. Em relação à utilização de hemoderivados, a associação mais usada foi o concentrado de hemácias mais plasma fresco em 40,7% das pacientes. CONCLUSÃO: A mortalidade materna por hemorragia ainda apresenta números elevados. A atonia uterina é a principal causa de óbito por HPP e evitável já que seus fatores de risco podem ser detectados ainda no pré-natal. A histerectomia foi realizada em 48,9%, mostrando uma falta de sistematização do atendimento destas pacientes, pois alguns procedimentos cirúrgicos mais conservadores não foram realizados. O manejo da hemorragia pós-parto já é bem estabelecido, portanto, para que ocorra a redução da mortalidade materna por hemorragia é importante a elaboração e execução de protocolos assistenciais, e capacitação dos profissionais de saúde.