Introdução: O modelo de reorganização do ambiente de trabalho e disponibilização de atualizações profissionais ainda insuficiente durante a pandemia de COVID-19, parecem gerar insegurança sobre a atuação de profissionais de Enfermagem e influenciar sobre desfechos psicológicos não favoráveis, como a depressão. Objetivo: Avaliar as Dimensões de Ambiente de Trabalho e sua relação com a Escala de Depressão de Hamilton em profissionais da enfermagem de uma maternidade durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo transversal envolvendo 50 profissionais de Enfermagem, sendo 38 enfermeiros e 12 técnicos. O projeto de pesquisa obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, segundo número 4.138.887. A coleta de dados envolveu aspectos sociodemográficos, informações quanto a atualização técnica e profissional formativa sobre o manejo da COVID-19 e situações associadas, bem como as condições de trabalho e autopercepção de segurança no contexto da pandemia de COVID-19. Foram aplicados mais dois instrumentos, sendo eles a avaliação das dimensões do Ambiente de Trabalho da Prática de Enfermagem (ATPE), além da Escala de Depressão de Hamilton. Resultados: A maioria dos profissionais entrevistados relatou não haver participado de cursos, eventos ou palestras a respeito dos cuidados de Enfermagem para pacientes com COVID-19 (78%), atuação de enfermeiros em situações de pandemias (74%), manejo de Enfermagem a pacientes no respirador (64%) e prática de cuidados críticos (64%). Paralelamente, 22% dos participantes relatou não haver EPI’s em quantidade suficiente em seu ambiente de trabalho, 40% não se sente seguro no seu ambiente de trabalho e 58% relatou não se considerar apto para atuar com segurança no cuidado ao paciente com COVID-19. Foi observado que 62% dos profissionais apresentou depressão leve e 4% depressão grave. Observou-se associação positiva entre a atualização profissional e todas as dimensões de ATPE (p<0,05). Evidenciou-se relação inversamente proporcional entre a atualização técnica e profissional e a Escala de Depressão de Hamilton (p<0,05). Não houve associação entre as dimensões do ATPE e a Escala de Hamilton (p>0,05). Conclusão: A formação insuficiente em relação ao manejo de COVID-19 e situações associadas, além das condições desfavoráveis e sensação de insegurança no ambiente de trabalho demonstram influenciar a Escala de Depressão de Hamilton.