A Sífilis é uma doença infectocontagiosa de origem sistêmica e com evolução crônica exclusiva do ser humano. A sua ocorrência na gestação pode levar a abortamento, natimorto, parto prematuro, morte neonatal e manifestações congênitas precoces ou tardias. OBJETIVO: analisar a ocorrência da sífilis em gestante residente no estado do Piauí registradas no período de 2012 a 2021. MÉTODO: trata-se de uma pesquisa epidemiológica, descritiva, transversal de natureza aplicada, com coleta de dados retrospectiva no estado do Piauí por meio do levantamento de dados de sífilis em gestantes confirmados e registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no intervalo de 2012 a 2021. Para análise dos dados, foi aplicado inicialmente a estatística descritiva exploratória, para as variáveis quantitativa, a medida de posição mediana e média, e calculado o intervalo de confiança, e a medida de dispersão (desvio padrão). Para as variáveis qualitativas, foi aplicado a frequência absoluta e relativa. Como variável dependente considera-se a taxa de detecção da sífilis gestacional. Para confecção da distribuição espacial foi utilizado o Sistema de Informação Geográfica (QGIS), versão 3.10.3. Para análise inferencial, foi aplicado a correlação de Pearson e a regressão linear simples. O nível de significância adotado foi de 5% (0.05), com intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: foram estudados 5166 casos novos de sífilis em gestantes, onde 93,3% (n=4797) das gestantes estavam na faixa etária de 20 a 59 anos, com média de idade de 28,2 (DP=6,75), 22,6% (n=1167) possuíam o ensino médio incompleto, 45,7% (n=2358) identificaram a infecção no 3º trimestre de gestação, 73,9% (n=3782) eram pardas e, 81,7% (n=4044) residiam na zona urbana. Em relação às características clínicas das infecções, 39,2% (n=1833) dos casos foram de sífilis latente e 30,3% (n=1414) foram de sífilis primária, durante o pré-natal, 85,4% (n=4411) apresentaram teste não treponêmico reagente e 62,3% (n=3217) foram confirmados por meio do teste treponêmico e o tratamento foi de 61,5% (n=3177) com penicilina G benzatina 7.200.000UI. A distribuição dos casos confirmados de sífilis em gestantes alcançou o maior número de notificações em 61,9% (n=3197) no território Entre Rios, com acúmulo de 66,8% do total de casos nos anos do estudo nos últimos quatros anos e, comparando-se os anos de 2012 e 2021 houve aumento na distribuição espacial do número de notificação de SG. A curva de regressão linear da taxa de detecção da sífilis apresentou comportamento crescente, com um coeficiente de determinação que explica em 83,84% o crescimento ao longo dos anos (R²=0,8384). Houve correlações positivas entre o ano e as notificações de sífilis gestacional e taxa de detecção, respectivamente com aumento de 0,899 e 0,916 à medida que se aumenta um ano na série, e de 0,998 entre notificações com a taxa de detecção. CONCLUSAO: Os casos de sífilis em gestantes notificados aumentaram significativamente ao longo dos anos, com incremento nas taxas de detecção, podendo estar relacionado a ampliação da testagem rápida, diminuição do uso de preservativos e aprimoramento do sistema de vigilância. Ademais o estudo evidenciou que as gestantes estão sendo diagnosticadas no terceiro trimestre de gestação e que existem divergências de informações sobre o diagnóstico e tratamento prescrito pelos profissionais, o que pode evidenciar falhas na assistência pré-natal.