Apesar dos inúmeros avanços em relação a saúde da mulher, a mortalidade materna permanece inaceitavelmente elevada demostrando a persistência de um grave problema de saúde pública que pode, na grande maioria dos casos, ser evitado. As síndromes hipertensivas, em especial a Pré Eclâmpsia (PE), estão entre as principais causas de mortalidade materna e perinatal no mundo, sendo responsável por aproximadamente 20% da mortalidade materna no Brasil. O objetivo do estudo foi analisar a tendência da mortalidade materna por síndromes hipertensivas no Brasil, de 2010 a 2022. Estudo epidemiológico observacional misto, incluindo um componente transversal analítico e outro ecológico de séries temporais. As unidades de análise do componente ecológico foram as 27 unidades da federação e as cinco regiões do Brasil. A população do estudo foi composta pelo total de óbitos maternos em mulheres de 10 a 49 anos de idade, cuja causa básica de morte foi classificada no Capítulo XV da Classificação Internacional de Doenças. Foram incluídos os óbitos ocorridos no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2022, registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade. A tendência temporal da Razão de Mortalidade Materna (RMM) foi analisada pela regressão linear de Prais-Winsten. A RMM foi determinada pelo cálculo do risco relativo e respectivos Intervalo de Confiança sendo as diferenças estatísticas verificadas pelo teste qui-quadrado de Pearson. Os dados obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde foram exportados para o Excel, onde foram calculadas as distribuições absolutas e relativas. Por tratar-se de dados secundários, de acesso público e sem a identificação dos participantes, dispensou-se a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. Foram registradas 4.523 mortes maternas por síndromes hipertensivas. A maioria das mortes foram registradas entre mulheres de 30 a 39 anos de idade, pardas, com oito a 11 anos de estudos e residentes no Nordeste. A RMM por síndromes hipertensivas foi de 12,2/100.000 nascidos vivos. A eclâmpsia foi a principal causa de morte seguida pela hipertensão gestacional com proteinúria significativa. Verificou-se tendência de estabilidade na RMM por síndromes hipertensivas no Brasil ao longo do período estudado. É necessário buscar estratégias eficazes que visem à redução e prevenção de complicações no período gravídico-puerperal.