Os comportamentos autolesivos são um fenômeno complexo e vêm sendo considerados um grave problema de saúde pública. Na contramão do mundo, o Brasil vem apresentando índices cada vez maiores de autolesão e suicídio, sendo o Piauí o estado da região nordeste que apresenta os números mais alarmantes. Esta pesquisa tem como objeto a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio (Lei n°13.819/2019). Tal política orienta ações de promoção da saúde mental, registros de notificações compulsórias em estabelecimentos escolares, públicos e privados a fim de diminuir as taxas de violência autoprovocada. Por ser recente, esta política necessita de acompanhamento, bem como de um estudo que compreenda se está sendo adequadamente praticada. O objetivo da pesquisa foi analisar a implementação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e Suicídio focalizando nas ações de promoção da saúde mental desenvolvidas pelas escolas públicas de ensino fundamental da cidade de São João do Piauí (PI), auxiliando no desenvolvimento de estratégias para a melhoria dos efeitos desta política. Metodologicamente, esta pesquisa utilizou a abordagem qualitativa por meio da técnica denominada de hermenêutica em profundidade como instrumento de análise dos dados de pesquisa. Quanto às técnicas de coleta de dados, foi utilizada a observação direta, a pesquisa documental e entrevista semi-estruturada com a equipe multidisciplinar da secretaria de educação. Os dados da entrevista foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin. Foram elaboradas três categorias de análise: informações sobre os entrevistados e rotina de trabalho; informações sobre os usuários e procedimentos de trabalho; percepções do implementador. Os resultados mostraram uma visão positiva que os implementadores têm acerca da política e de seu trabalho, apontaram também que lacunas na lei abriram espaço para que os burocratas de nível de rua usassem a sua discricionariedade, em especial no que diz respeito aos procedimentos e normas da execução de trabalho. Por ser uma política recente na legislação brasileira não há outros trabalhos que analisem sua implementação, sendo este estudo o pioneiro e por isso vislumbra-se a necessidade de outros trabalhos, principalmente que investiguem os motivos pelos quais a taxa de violência autoprovocada continua a crescer.