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DANIELE NEVES DO NASCIMENTO
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FEMINISMO, ANCESTRALIDADE E ESPIRITUALIDADE: A potência decolonial da obra de Ana Mendieta.
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Data: 09/09/2025
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O presente trabalho investiga algumas obras específicas da artista da performance cubana, Ana Mendieta (1948-1985), intituladas: Body Tracks (1974); Tree of Life (1976) e as da série Silueta (1973-1980), por meio de um viés feminista e decolonial. O objetivo é demonstrar a importância e a força criadora da arte performática de Ana Mendieta, apoiada no pensamento feminista decolonial de Gloria Anzaldúa e Françoise Vergès. O legado de Ana Mendieta para a história da arte, primordialmente quando se trata da arte contemporânea, merece ser ainda contemplado em pesquisas acadêmicas de cunho feminista e dos estudos de gênero, também no âmbito da filosofia e da estética. Ana Mendieta ousou e revolucionou com sua arte visceral a arte performática, o que permite tematizar as suas obras na filosofia da arte, sobretudo para as análises do feminismo decolonial. Dentro deste contexto, é importante ressaltar que a filosofia tradicional, devido à sua herança branca, europeia e colonial, preteriu as contribuições de mulheres, negros e indígenas, algo que esse trabalho visa questionar, valorizando a produção de uma artista cubana, a partir de uma construção teórica centrada em autoras decoloniais. Portanto, para fundamentar o feminismo decolonial, utilizamos as teóricas Françoise Vergès (1952- ) e Gloria Anzaldúa (1942-2004), nomes reconhecidos nos estudos e pesquisas nessa área. O trabalho será dividido do seguinte modo: na primeira parte apresentará algumas considerações sobre o conceito de feminismo civilizatório de Françoise Vergès; na segunda parte, versará acerca dos conceitos de fronteira e consciência mestiza de Gloria Anzaldúa; na terceira parte, abordará o surgimento e conceito da performance e analisará as obras de Ana Mendieta, com apoio no conceito de feminismo civilizatório de Françoise Vergès e nos conceitos de fronteira e consciêcia mestiza de Gloria Anzaldúa.
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JOSÉ LUÍS DE BARROS GUIMARÃES
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UM ROMÂNTICO REVOLUCIONÁRIO DA CULTURA: EXPERIÊNCIA E FORMAÇÃO ANTICAPITALISTA NA FILOSOFIA DE WALTER BENJAMIN
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Orientador : HERALDO APARECIDO SILVA
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Data: 05/09/2025
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O objetivo central deste trabalho é desenvolver um projeto de formação cultural anticapitalista, com base em uma revisão crítica do conceito de Bildung, para que seja possível reavivar no cenário social as Utopias Políticas obliteradas pelo triunfo da sociedade moderna capitalista. O estudo parte da tese dos românticos alemães e dos marxistas humanistas de que o capitalismo, compreendido como modo de vida, deve ser superado sob todos os aspectos. O desencantamento do mundo e a dissolução das relações sociais são resultados das fantasmagorias produzidas pela modernidade. As reflexões, nesta pesquisa, alinham-se aos pressupostos teóricos e metodológicos da filosofia benjaminiana. Buscou-se interpretar hermeneuticamente o passado, gestado pela racionalidade iluminista burguesa, por meio do comprometimento ético com as narrativas dos “vencidos da história”. O estado da arte da pesquisa baseia-se na crítica à cultura capitalista desenvolvidos pela primeira geração da Teoria Crítica, em especial nos escritos benjaminianos, para o desenvolvimento da tese. A pesquisa está dividida em três capítulos, cada um centrado em uma categoria conceitual específica. No primeiro capítulo, buscou-se explorar o significado histórico do ideal de Bildung, conforme desenvolvido pelos iluministas e românticos, analisando suas potencialidades, limites, contradições bem como do seu impacto no modo de vida contemporâneo. No segundo capítulo, buscou-se apresentar a crítica benjaminiana à modernidade, dando ênfase aos processos de educação e aprendizagem dos seres humanos, com base no par conceitual experiência e vivência. O terceiro capítulo, por sua vez, procurou, a partir do conceito de Utopia Política, apresentar a crítica benjaminiana à historiografia burguesa e social-democrata, a fim de refundar, sob uma abordagem materialista da cultura, o telos pedagógico formativo da sociedade para o desenvolvimento de uma educação integral e humanizadora orientada para o socialismo.
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LUIS GOMES DA SILVA
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Exame: dispositivo de produção da verdade disciplinar, biopolítica e de si, em Michel Foucault
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Orientador : FABIO ABREU DOS PASSOS
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Data: 20/08/2025
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Esta pesquisa tem como objetivo apresentar uma análise do pensamento de Michel Foucault sobre o exame no período ético-genealógico (1970 a 1984). O problema que norteará a presente pesquisa é identificar o exame como dispositivo de produção da verdade disciplinar, biopolítica e de si. A hipótese da presente pesquisa, que pretende ser nossa tese, é que a prática do exame se constitui também como dispositivo de produção da verdade biopolítica, mesmo que Foucault não tenha feito nenhuma referência direta ao exame no contexto da sociedade de normalização. As investigações sobre a questão partem de vigiar e punir, que é a única obra que Foucault apresenta uma abordagem detalhada do exame. Porém, foram consultadas as obras do filósofo que têm, direta ou indiretamente, ligação com a questão do exame enquanto operador da relação saber e poder. Em A vontade de saber (História da sexualidade I), Foucault estabelece o ponto de junção entre o controle pela verdade disciplinar (do indivíduo) e o controle pela verdade de normalização (da população). Trata-se das disciplinas do corpo e das regulações da população, que Foucault classificou como técnicas de controle disciplinar, uma anátomo-política do corpo humano, e como técnicas reguladoras da biopolítica da população. Nas duas obras citadas acima Foucault faz referência direta à prática do exame, porém, nas obras consideradas biopolíticas, Em defesa da sociedade; Segurança, território, população; Nascimento da biopolítica, o filósofo não se referiu diretamente ao exame. Verificada esta situação e a exigência da produção da verdade para que haja governo em todo e qualquer aspecto da vida, a pesquisa visa demonstrar que o exame está presente na sociedade biopolítica tanto quanto na sociedade disciplinar. A pesquisa aborda a produção da verdade a partir das práticas do inquérito e do exame, destacando a prevalência da segunda sobre a primeira na produção da verdade no contexto disciplinar-normalizador. A prática do inquérito realiza a reconstituição de dados e fatos passados para produzir a verdade, característica da sociedade feudal. Mesmo que o saber de inquérito tenha sido importante para constituição do Estado e das ciências empíricas, demonstra-se que uma nova arte de governar surge no século XVIII e o inquérito perde o protagonismo, que passa à prática do exame. O exame, a princípio, com suas técnicas de vigilância, disciplina e norma constitui-se como dispositivo disciplinar dos indivíduos, tornando-os dóceis e úteis; posteriormente, com as mesmas técnicas de controle, o exame se constitui como dispositivo central na produção da verdade para controle da população. É a entrada da vida na história, que está vinculada ao modo como a verdade é produzida a partir de então, pelo exame. Trata-se da governamentalidade biopolítica, caracterizada pela prática do liberalismo/neoliberalismo, cujo princípio é sempre reclamar do excesso de governo. A tese destaca o exame produzindo a verdade no governo de si, evidenciada por Foucault ao analisar as técnicas e práticas de si pagãs da cultura da Antiguidade greco-romana. Mostra a ascese cristã adaptando o exame de consciência da ascese pagã aos seus interesses, retirando a autonomia dos indivíduos e impôs-lhes a renúncia de si como única via de salvação. Em resposta a essa situação percebe-se a articulação da Aufklärung-parresía promovida por Foucault.
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BRUNO ARAUJO ALENCAR
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A EXPANSÃO DA ÉTICA SOLIDARISTA DE RICHARD RORTY AOS ANIMAIS NÃO HUMANOS: NARRATIVAS, REDESCRIÇÕES E UTILIDADE PARA O BEMESTAR ANIMAL
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Orientador : HERALDO APARECIDO SILVA
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Data: 07/07/2025
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A tese investiga o bem-estar ético animal a partir da produção teórica de Richard Rorty (1931- 2007), propondo a ampliação da noção de solidariedade. Adotaremos alguns vocabulários alternativos que proporcionem a aquisição de narrativas úteis ao bem-estar animal ao longo de três capítulos. No primeiro capítulo, traremos a discussão para o engodo ético no contexto pragmatista clássico, analisando como os principais pioneiros da corrente filosófica intercambiam, embora sem aprofundamento, na égide moral do debate da senciência. No entanto, inadvertidamente, esses teóricos mostram certo entusiasmo pela literatura filosófica específica. Nesse ponto, também apresentaremos interlocutores que buscam solidificar esse primeiro apontamento sobre os animais na primeira geração de pragmatistas. Já no segundo capítulo, introduziremos a filosofia neopragmática de Rorty, mas no contexto da delimitação temática, tensionando gradativamente as elocuções vocabulares para demonstrar se o filósofo constrói alicerces linguísticos para pensar redescrições contextuais. Mostro como Rorty propõe uma noção de solidariedade que envolve a tolerância e o fim da crueldade humana como algo a que devemos dedicar maior atenção a partir de narrativas literárias. Nesse ínterim, argumentaremos que a utopia solidária de Rorty contempla apenas os animais humanos, isto é, o que é familiar, tornando sua narrativa limitada e aberta a novas “estranhezas” por meio de algumas técnicas ad hoc, criadas pelo neopragmatista. Tais técnicas incluem: a narrativa, vista como o vislumbre de histórias que causam comoção e promovem mudanças políticas; a utilidade, que funciona como uma ferramenta linguística conforme a proposta de que todo texto é maleável, desde que o propósito seja útil à contingência; e a redescrição, como uma ênfase revisionista que adota vocabulários alternativos para pensar a filosofia de maneira favorável à política social. Assim, advertiremos como o legado filosófico de Rorty parece estar distante de uma discussão rica e difusa que poderia proporcionar o bem-estar dos animais não humanos por meio de narrativas edificantes que caracterizam a noção de solidariedade. No terceiro capítulo, defendo que a noção de solidariedade em Rorty precisa ser redescrita. Apropriamonos da narrative turn para mostrar como a literatura, em suas múltiplas dimensões, contribui para o despertar de sentimentos de esperança, que podem criar um ciclo de convivência interespecífico entre ambas as espécies animais, sejam elas humanas ou não humanas. Desse modo, no desfecho da tese, criei a noção de Teia Multivocal de Solidariedade, expandindo a perspectiva que Rorty tomou como sons inauditos.
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TOMÁS JOBIN COUTINHO LOPES
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Dos Fundamentos Normativos da Hermenêutica Filosófica de Gadamer
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Orientador : GUSTAVO SILVANO BATISTA
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Data: 05/05/2025
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O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de uma tese na qual será defendida a existência de um caráter normativo da hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer. Até o momento foram desenvolvidos três capítulos. No primeiro capítulo, buscamos situar o problema da normatividade da teoria hermenêutica gadameriana através dos principais críticos do autor, dentre eles Emillio Betti, Karl-Otto Apel e Jürgen Habermas. No segundo capítulo, passamos ao delineamento do conceito de normatividade e de sua relação com a hermenêutica tradicional, bem como com os campos das humanidades nos quais estão envolvidas questões tipicamente hermenêuticas. Ainda no segundo capítulo, tratamos acerca dos modos de abordar o sentido normativo da hermenêutica filosófica de Gadamer. No terceiro capítulo, é feito um desenvolvimento dos conceitos iniciais da segunda parte de Verdade e Método em seu caráter normativo. Por fim, apresentamos a proposta de desenvolvimento das próximas etapas da presente tese.
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SUZANA OLIVEIRA DE ALMEIDA
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A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO PARA A REVELAÇÃO DO QUEM NA PERSPECTIVA DE HANNAH ARENDT
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Orientador : FABIO ABREU DOS PASSOS
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Data: 25/04/2025
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A presente tese de doutoramento tem por objetivo principal pesquisar a importância da manutenção do espaço público, local de revelação do “quem”, na perspectiva de Hannah Arendt. Assim, pretendemos analisar, com base nas obras da autora, os conceitos de “quem” e “o que”, visto serem de suma importância para entendermos a relevância de sua concepção de espaço público. Desse modo, apresentaremos a figura heurística de Arendt, Rahel Varnhagen, que devido a sua condição de mulher judia, foi reduzida a um “que”. Esse fato a fez durante toda sua vida buscar assimilar-se a sociedade que a expulsara, pois a via como um ser inferior. Contudo, no fim de sua vida, Rahel percebe que mesmo assimilada, não era portadora de nenhum direito e nem de sua liberdade. Assim, empenha-se na busca de sua identidade e de seu verdadeiro “quem”. Nesse sentido, a abordaremos para exemplificarmos os conceitos arendtianos de “o que” e “quem” para, posteriormente, utilizá-los no intuito de lançar luz sobre a situação de grupos inferiorizados, como mulheres (sexo frágil), pessoas negras (raça inferior, sem alma), pessoas com deficiência (doentes) e a comunidade LGBTQIANP+ (doentes, pervertidos). Estes se encontram impedidos de participarem do espaço público e revelarem o seu “quem”. Portanto, nossa tese parte da seguinte problemática: diante das constantes ameaças à esfera pública, fomentadas por regimes de exceção ou democracias liberais, como salvaguardar a permanência do lócus de revelação de “quem” alguém é? O verdadeiro sentido da politica se imiscui com as possibilidades de manifestação de quem alguém é?. Diante disso, nossa hipótese se sustenta na ideia de que a preservação do espaço público seria o modo de garantir a experienciação da ação e do discurso plural de homens e mulheres e, assim, revelarem o seu “quem”. Dito isto, teremos como principal metodologia, a exegese das principais obras de Arendt, que tratam sobre a questão central, sobretudo em A condição humana e Rahel Varnhagen: vida de uma judia alemã na época do romantismo
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PALLOMA VALÉRIA MACEDO DE MIRANDA
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A crítica epistemológica de Mary Wollstonecraft ao caráter sexista da Razão Moderna: uma análise contemporânea
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Orientador : EDNA MARIA MAGALHAES DO NASCIMENTO
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Data: 10/03/2025
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A presente Dissertação de mestrado foi intitulada de “A crítica epistemológica de Mary Wollstonecraft ao caráter sexista da razão moderna: uma análise contemporânea”. Este estudo trata-se de uma pesquisa teórica que tem como objetivo principal, analisar a obra Reivindicação dos direitos da mulher(1792), da filósofa Mary Wollstonecraft (1759-1797)e suas críticas acerca do caráter sexista da Razão Moderna. A finalidade é compreender como este mecanismo reforçou a problemática da invisibilização da mulher no campo filosófico. Com base nessa problemática de pesquisa, a investigação visa identificar os mecanismos de produção de uma epistemologia que reforçou narrativas racionais para justificaras desigualdades de gênero; investigar os critérios utilizados para fundamentar a distinção racional entre homem e mulher e a influência sexista dos princípios morais no contexto do século XVIII e, por fim, refletir acerca da atualidade das reivindicações da filósofa, principalmente no que tange à relação entre filosofia e epistemologias feministas, sobretudo com a finalidade de destacaras reflexões sobre uma racionalidade inclusiva para superar a violência epistêmica. Como desdobramento destes objetivos, a pesquisa tomara como objeto de análise as obras: Emílio ou da Educação (1762); Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1750); O contrato social (1762); do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712- 1768) e Antropologia de um ponto de vista pragmático(1798); O que é o esclarecimento? (1783); Observações sobre o sentimento do belo e do sublime: ensaio sobre as doenças mentais (1764) de Immanuel Kant (1724-1804). Estes elementos teóricos podem nortear a investigação acerca da configuração sexista da razão moderna cujos pressupostos contribuíram para invisibilizar os conhecimentos filosóficos produzidos por mulheres na área da filosofia. Em resposta à filósofos como Rousseau e Kant, Mary Wollstonecraft traçou uma coerente crítica aos princípios excludentes que nortearam a razão iluminista. Além das obras citadas, também serão utilizados artigos, dissertações e teses que abrangem o tema. Em suma, através dos estudos filosóficos de Mary Wollstonecraft (2016), é possível compreender a necessidade de uma avaliação criteriosa das bases tradicionais da filosofia, para que se possa destacar o caráter excludente do cânone filosófico e, dessa maneira, ressaltar a importância de uma educação emancipatória que permita abrir espaço para conhecimentos que são constantemente silenciados, com isso, contribuir para a produção de uma filosofia que discuta uma outra forma de racionalidade cujo eixo central da reflexão seja os seres sociais em seus aspectos contingentes e existenciais e não uma concepção universalista e abstrata de homem, uma vez que na prática, estes princípios reforçaram as desigualdades de gênero e o predomínio de uma moralidade sexista.
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DANIELA SOUSA DA ROCHA
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Identidade e Narrativa: análise ricoeuriana em Estive lá fora
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Orientador : JOSE VANDERLEI CARNEIRO
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Data: 07/03/2025
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O estudo propõe uma análise do romance Estive lá fora (2012), de Ronaldo Correia de Brito, sob a perspectiva da hermenêutica de Paul Ricoeur. A pesquisa investiga como as noções ricoeurianas Identidade e Narrativa são manifestadas na obra literária, explorando os conflitos do protagonista Cirilo, que transita entre valores políticos e religiosos durante a ditadura civil militar brasileira. O objetivo geral da pesquisa é desenvolver uma análise filosófica do romance de Ronaldo Correia de Brito, Estive lá fora (2012), a partir das noções ricoeurianos de Identidade e Narrativa. A abordagem hermenêutica permite interpretar não apenas o texto, mas também o processo pelo qual a identidade se constitui na relação entre memória, história e ficção. Ao inserir Estive lá fora (2012) no contexto da literatura memorialista e histórica, o estudo reforça a importância da literatura contemporânea na preservação da memória cultural e na revisão de eventos históricos. Na obra O si-mesmo como outro (2014). Ricoeur propõe três intenções reflexivas centrais: a mediação reflexiva sobre o sujeito por meio da primeira pessoa do singular; a dissociação dos significados de identidade; e a dialética entre mesmidade (idem) e ipseidade (ipse). Ele explora o conceito de identidade pessoal, relacionando-o à dimensão temporal, já trabalhada em Tempo e Narrativa (2010). A identidade é vista como um processo contínuo de construção, baseado na memória e nas interações sociais. Já em Tempo e Narrativa (2010), o filósofo propõe a tríplice mimese como estrutura fundamental da narrativa: mimese I (pré-configuração do mundo da ação), mimese II (configuração da intriga) e mimese III (refiguração pela recepção do leitor). A narrativa é entendida como um meio de organizar a experiência humana no tempo, permitindo ao sujeito compreender sua história e identidade. Ricoeur explora a relação entre narrativa e temporalidade, destacando a influência da tradição aristotélica e a importância da ficção na construção da identidade pessoal. A investigação confirmou a hipótese central de que a identidade do protagonista é moldada por múltiplas influências, destacando-se a memória familiar, os valores cristãos adquiridos na infância e as pressões do contexto político da ditadura militar brasileira.
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ÍCARO ARAÚJO TEIXEIRA HONÓRIO
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PROCEDIMENTO E DIFERENÇA: uma analise do conceito de inclusão no pensamento de Jüngen Habermas
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Orientador : MAURICIO FERNANDES DA SILVA
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Data: 24/02/2025
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Esta pesquisa se dedica a investigar as dimensões morais, políticas e jurídicas do conceito de inclusão no pensamento habermasiano em seu momento mais recente, com o objetivo de expor as potencialidades ainda não exploradas no direito como medium para a superação das dinâmicas de exclusão social. Jürgen Habermas aborda os mecanismos de inclusão a partir do contato entre o projeto de reconstrução do direito e a teoria discursiva. Para ele, as normas de inclusão devem ser resultado de um reconhecimento mútuo entre os sujeitos enquanto iguais pertencentes a uma comunidade política. Inicialmente, a partir dos escritos de Habermas a respeito da ação comunicativa e da ética da discussão, a presente pesquisa tem como objetivo apresentar os elementos que a moral habermasiana dispõe para justificar as políticas de inclusão, nomeadamente a crítica ao monólogo da razão, a noção de procedimento, e a relação entre reconstrução, dever de inclusão e tolerância. Em um segundo momento, a pesquisa se debruça sobre a inclusão como problema político. Para tanto, com o escopo de analisar as potencialidades da democracia deliberativa como sistema político inclusivo às diferenças, serão abordadas questões referentes ao multiculturalismo e a noção habermasiana de luta por reconhecimento, ao conceito de “inclusão com sensibilidade às diferenças” e às aberturas normativas possibilitadas pela democracia deliberativa. Por fim, a pesquisa responde como a teoria reconstrutiva do direito enfrenta as dinâmicas de exclusão social. Para atingir esse fim, serão sintetizadas as relações entre teoria do discurso e direitos fundamentais, a noção de cooriginariedade entre direitos humanos e soberania popular e as saídas para a exclusão social mediadas pelas lutas por reconhecimento. Para tanto, a metodologia adotada foi a pesquisa teórica e crítica, por meio de revisão bibliográfica, das categorias heurísticas articuladas pelo pensamento habermasiano a partir dos anos 1980, e especialmente nos anos 1990, que possibilitam apreender a inclusão como um procedimento jurídico de reconhecimento de diferenças
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PATRÍCIA SILVEIRA PENHA
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ESTÉTICA COMO PROPEDÊUTICA MORAL EM KANT
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Orientador : FRANCISCO JOZIVAN GUEDES DE LIMA
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Data: 20/02/2025
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RESUMO A presente pesquisa propõe a tese segundo a qual a estética kantiana e o conceito de belo e de sublime, nos aproximam das ideias morais, pois ambas nos direcionam à ideia de um sentimento de respeito e a um sentimento moral, em distinção de qualquer sentimento meramente patológico (interesses baseados em inclinações egoístas). A partir de uma abordagem da moral e da estética de Kant utilizaremos como fio condutor as seguintes obras principais: Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785), Observações sobre o sentimento do belo e do sublime (1764) e a Crítica da Faculdade do Juízo (1790), cuja proposta é investigar de que modo o desinteresse estético pode despertar em nós uma propedêutica moral. Como obras secundárias, utilizaremos também os seguintes escritos kantianos: Crítica da Razão Pura (1781) (Estética Transcendental), Crítica da Razão Prática (1788), Metafísica dos Costumes (1797) e a Antropologia de um ponto de vista pragmático (1798), para aprofundar os conceitos que se relacionam com a problemática da estética e da moralidade. Inicialmente, faremos uma abordagem da moralidade kantiana presente na Fundamentação, com o intuito de observar quais são os critérios para um agir moral e livre, para posteriormente, entender a relação entre a estética e a moralidade na filosofia kantiana. Em segundo lugar, trataremos dos principais filósofos que serviram como ponto-chave para o desenvolvimento da teoria estética de Kant, a saber, Hume, Baumgarten e Burke. Assim, estabeleceremos as principais relações e divergências entre Kant e os estetas modernos, a fim de demonstrar que a estética kantiana nos conduz aos princípios de um agir moral. Sendo assim, realizaremos uma investigação filosófica dos principais conceitos kantianos que nos conduzem às reflexões estéticas e morais: o belo, o sublime, o interesse prático, o interesse patológico, o sentimento moral, o sentimento de respeito e o interesse intelectual pelo belo natural. A presente pesquisa se ampara nos estudos de relevantes pesquisadores (as) da filosofia kantiana, como por exemplo, Gérard Lebrun, Maria de Lourdes Borges, Jane Kneller, Eva Schaper etc., os quais ressaltam, brevemente, uma aproximação entre a estética kantiana e a moralidade. Lebrun em seu livro Sobre Kant dedica o seu último capítulo intitulado “A Razão Prática na Crítica do Juízo” a uma analogia entre o juízo de gosto e o juízo moral. Segundo Lebrun (2012), o que torna possível esta aproximação é que o juízo estético do belo e o juízo moral nos direcionam a ideia de um “sentimento de finalidade”. Este sentimento deriva de um prazer desinteressado ao contemplarmos aquilo que é belo. Adiante, Maria de Lourdes Borges nos convida, também, a uma convergência do domínio estético ao moral. Borges (2001) enfatiza que a analogia entre a moralidade e a estética não está ligada a uma semelhança de conteúdo, mas a uma “semelhança nas regras de reflexão.” Isto implica dizer que tanto o belo natural quanto a moralidade são universais, pois aprazem de modo imediato e desinteressado. Jane Kneller nos apresenta um capítulo intitulado de “Os interesses do desinteresse”, cujo livro é Kant e o poder da imaginação, o qual defende uma postura de que os juízos de gosto, assim como os juízos morais, buscam um consentimento de todos, isto é, uma exigência moral. Eva Schaper (2009) reconhece uma certa autonomia do juízo estético com relação ao juízo moral. Esta aproximação entre a estética e a moralidade se apoia na Crítica do Juízo, a qual mostra que o belo e o sublime conduzem à moralidade, porque eles suscitam em nós um estado de ânimo análogo aos juízos morais. Com isso, concluiremos que a os juízos estéticos do belo e do sublime são imprescindíveis para refletirmos sobre as questões morais, na medida em que a experiência estética nos proporciona uma propedêutica moral, isto é, não apenas o cultivo da liberdade, mas também, de nossa sensibilidade moral, ou seja, da capacidade de sermos afetados de maneira estética, justamente porque a experiência do belo e do sublime têm a possibilidade direcionar os indivíduos a uma convivência ética em sociedade.
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JELBA ERLINDA BROOKS ASENCIO
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PINTURA, AURA Y FIESTA: EL ARTE DE EZEQUIEL PADILLA AYESTAS ENTRE LA CRÍTICA Y LA HERMENÉUTICA
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Orientador : GUSTAVO SILVANO BATISTA
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Data: 10/02/2025
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La presente investigación bibliográfica tiene como objetivo principal relacionar los conceptos de aura y fiesta, provenientes de diferentes tradiciones filosóficas, siendo categorías centrales de la experiencia estética, para pensar cómo el ser humano se vincula con el arte moderno. Con este propósito, proponemos analizar una selección de pinturas expresionistas del hondureño Ezequiel Padilla Ayestas, producidas en la década de los ochentas del siglo XX en la que se sitúa la guerra fría y transición democrática. El marco filosófico para articular este estudio es principalmente a partir de los textos de Walter Benjamin y de Hans-Georg Gadamer, quienes ofrecen perspectivas complementarias para abordar la relación entre arte, experiencia y verdad. El problema central de este estudio se formula a partir de la siguiente pregunta ¿Cuál es el sentido estético-filosófico de las pinturas expresionistas de Ezequiel Padilla Ayestas en los años ochenta a partir de los conceptos aura y fiesta? Ante esta cuestión, se planteada la hipótesis de que la configuración visual expresionista de Padilla Ayestas sugiere una experiencia estética que invoca una abstracción conformativa de carácter emancipador y enmudecido. Desde esta visión, el estudio busca relacionar los enfoques filosóficos mencionados para reflexionar sobre el potencial estético y sentido de verdad que el arte puede ofrecer. El conjunto de cuadros en cuestión es: Ahuas Taras Souvenir (1985); Sin título (1986); La muerte del sacerdote (1989); El Santo entierro (1989) y; Cotidiano trascendente II (1989).
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VIGEVANDO ARAÚJO DE SOUSA
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O DÉFICIT DE ETICIDADE DEMOCRÁTICA NA ESFERA DO MERCADO EM HONNETH
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Orientador : FRANCISCO JOZIVAN GUEDES DE LIMA
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Data: 04/02/2025
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Esta tese propõe o déficit de eticidade democrática na esfera do mercado em Honneth mediante a seguinte hipótese de investigação: o déficit ocorre principalmente porque a teoria do reconhecimento de Honneth negligencia as relações de poder e se mostra insuficiente para o processo de emancipação social. Nossa defesa é de que a perspectiva de Honneth acerca do mercado não condiz e não é suficiente para incluí-la como esfera da eticidade democrática e liberdade social, pois o mercado produz assimetrias e um poder constituinte, fonte de dominação e injustiças incompatíveis com a ética. Para o alcance de nosso objetivo, inicialmente analisamos de forma geral a contribuição da teoria honnethiana do reconhecimento à teoria crítica em relação aos fundamentos da autonomia, da autorrealização e das patologias sociais, bem como falhas e contradições do pensamento do autor, tal como a ambiguidade do conceito de autonomia individual (liberdade) entendida como autorrealização. Tal ambiguidade se dá pelo fato de a teoria do reconhecimento falhar em relação ao aspecto crítico e diagnóstico da teoria crítica. Nossa defesa é de que as condições práticas e materiais das relações entre os indivíduos nunca são simétricas, produzindo o reconhecimento distorcido. De forma geral, evidenciamos a tentativa de Honneth de realizar um diagnóstico crítico emancipatório verificando algumas patologias sociais como: invisibilidade social, reificação e racionalização instrumental. Apresentamos o tema do neoliberalismo contemporâneo. A crítica ao neoliberalismo encontra-se exposta em Paradoxes of Capitalist Modernization, onde Honneth faz a distinção entre dois tipos de capitalismo, um ‘social-democrata’ e um ‘neoliberal’, bem como a consideração de que as ordens neoliberais, diferentemente das social-democratas, de acordo com Hartmann e Honneth (2006) são problemáticas do ponto de vista da teoria do reconhecimento, pois é paradoxal por criar uma situação na qual a própria tentativa de instituir normas de liberdade acaba que por impedir as condições de possibilidade para a realização da mesma. Expomos também as bases da teoria honnethiana do reconhecimento, bem como a análise da ideologia e do poder e a crítica de autores como Deranty, McNay e Thompson que apontaram limitações e falhas na teoria de Honneth. Apresentamos o tema do mercado capitalista: sistema x integração social, tomando como referência a teoria habermasiana do desacoplamento entre sistema e mundo da vida e a crítica de Honneth em relação a Habermas. Assim, foi realizada uma crítica a uma noção honnethiana de progresso moral e social no capitalismo, bem como à tentativa de Honneth de inserir o mercado capitalista na esfera de liberdade social. Tomamos como obra principal, O direito da liberdade, onde Honneth intensifica sua ênfase na normatividade das formas econômicas em oposição à crítica estrutural do capitalismo. Desse modo, Honneth tem como objetivo mostrar como as práticas morais racionais são historicamente incorporadas à realidade social. O problema do não cumprimento do projeto honnethiano de uma eticidade na dimensão do mercado acontece devido (i) ao caráter ambíguo do conceito de autonomia individual (liberdade) entendido como autorrealização; (ii) por não explicitar empiricamente o suposto sucesso da revolução neoliberal por ele defendido; e (iii) devido ao caráter problemático de desenvolvimento moral e social nas sociedades de mercado. Depreendemos, portanto, que o déficit de eticidade democrática na esfera do mercado não só revela as insuficiências do diagnóstico honnethiano, mas também corrobora a necessidade de abordagens mais radicais que integrem as críticas estruturais ao capitalismo, sem negligenciar a articulação entre reconhecimento, redistribuição e a superação das patologias sociais
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