A proposta dessa dissertação é analisar os principais episódios de moléstias endêmicas e epidêmicas em Teresina, capital do Piauí, entre os anos de 1852 e 1889. No decorrer desse período, os teresinenses enfrentaram surtos de doenças devido à insalubridade dos espaços urbanos. Visando contornar a situação, a higiene tornou-se central nas ações empreendidas pelos médicos, poderes públicos e atuação benemerente, pois a falta dela era vista como um grande obstáculo não só para a garantia da saúde, mas também para a modernização de Teresina. Dentre as patologias que mais afetavam os teresinenses, destacavam-se as enfermidades gastrointestinais e infectocontagiosas, como a varíola, o impaludismo e os variados tipos de febres, bem como outras moléstias, que eram favorecidas pelas condições de insalubridade. Algumas dessas doenças foram atribuídas à presença de miasmas que emanavam de corpos fluidos, pois sendo uma cidade-beira, Teresina possuía diversos cursos d’água situados em suas proximidades, além dos rios Parnaíba e Poti. A assistência médica aos moradores da capital era prestada majoritariamente pela caridade privada, através da Santa Casa de Misericórdia, que também recebia pessoas de outras cidades e províncias, sendo que os poderes públicos agiam nos casos emergenciais. Para a realização da pesquisa, está em curso o estudo bibliográfico de caráter teórico, historiográfico e metodológico de autores como Dilene do Nascimento (2004), Maria Clélia Costa (2014), Jaques Le Goff (1985), Joseanne Marinho (2018), Antonio Melo (2000) e Ana Karoline Nery (2021). As principais fontes primárias coletadas até o momento consistem em relatórios governamentais, ofícios da Coleção Saúde Pública, matérias de jornais A Imprensa, O Echo Liberal, O Expectador e O Propagador. Diante disso, pode-se apontar que a capital do Piauí foi estabelecida sob a premissa da higiene e da salubridade, refletindo os ideais médicos e urbanísticos do século XIX. No entanto, as práticas realizadas frequentemente contrastavam com esses princípios. Teresina sofria com a incidência de moléstias como as febres, dentre elas o impaludismo e a febre amarela, a varíola, o sarampo, as doenças gastrointestinais, além de ameaças do cólera, pois, os desafios decorrentes da falta de assistência hospitalar, de infraestrutura, saneamento básico e de recursos financeiros, muitas vezes dificultavam ações regulares em torno da saúde.