A presente pesquisa investiga as instituições de saúde da antiga Colônia São Pedro de Alcântara, posteriormente elevada à categoria de cidade sob o nome de Floriano-PI, no contexto das políticas públicas e das iniciativas caritativas e filantrópicas que ampararam a localidade entre os anos de 1877 e 1930. A população enfrentava diversas enfermidades, que exigiam cuidados específicos, como atendimento médico qualificado e acesso a medicamentos adequados. A ausência desses recursos contribuía significativamente para o agravamento das doenças e o aumento da mortalidade, revelando a precariedade das condições de vida e saúde no estado do Piauí. Diante desse cenário, torna-se fundamental considerar não apenas os médicos diplomados, que ainda estavam em processo de consolidação profissional, mas também os praticantes de cura não licenciados, como parteiras, curandeiros, benzedeiras e práticos, cuja atuação era amplamente legitimada pelas comunidades locais. A pesquisa se baseia em um levantamento bibliográfico com abordagem teórica, historiográfica e metodológica, fundamentada em autores como Joseanne Marinho (2018), Josefina Demes (2002), Ana Karoline Nery (2021), Djalma Nunes Filho (2005), Teodoro Sobral Neto (1997) e Gilberto Hochman (2012).As principais fontes primárias analisadas compreendem documentos sobre a Colônia São Pedro de Alcântara e a cidade de Floriano, como os registros das Comissões de Socorro e dos serviços prestados por médicos vinculados ao Partido Público (1877–1880), laudos e inspeções médicas (1874–1888), além de arquivos oriundos da Prefeitura, da Câmara e do Conselho Municipal (1870–1930). Também foram consultados documentos da Delegacia, do Quartel, da Guarda Nacional e das Obras Públicas (1860–1940), todos disponíveis no acervo do Arquivo Público do Estado do Piauí. Dessa forma, ao analisar as práticas de cuidado e os dispositivos institucionais de saúde na região entre 1877 e 1930, foi possível compreender como a assistência foi sendo construída de maneira desigual, marcada tanto pela atuação do Estado quanto pelas iniciativas da sociedade civil. A pesquisa, portanto, contribuiu para refletir sobre os múltiplos caminhos do processo de institucionalização da saúde no interior do Piauí e sobre as estratégias coletivas de enfrentamento das enfermidades.