A presente dissertação tem como objetivo analisar a construção de um jornalismo antirracista nos
podcasts Angu de Grilo (2019 - presente), Conversa de Portão (2020 - 2023) e Pretoteca (2020 -
presente), produzidos por jornalistas negras. Para tanto, essa pesquisa visa compreender as
características dos podcasts em questão, verificar as pautas sobre racismo e antirracismo e investigar
como os discursos podem contribuir para a produção de um jornalismo relacionado as potencialidades
da experiência negra enquanto prática antirracista. O podcasting, enquanto prática cultural, é um
espaço onde diversas vozes, incluindo aquelas de grupos historicamente oprimidos, constroem
significados e identidades. Como perspectiva metodológica foi desenvolvida uma metodologia com base
na Teoria Racial Crítica aplicada à comunicação digital (Silva, 2019) e na Análise Crítica
Tecnocultural do Discurso (Brock, 2021) que resultou na Análise Racial Crítica de Podcasting a fim de
centralizar questões raciais para além do conteúdo em áudio digital em podcasts, investigando assim as abordagens antirracistas em podcasts produzidos por jornalistas mulheres negras. Verificamos que as abordagens para um jornalismo antirracista apresentam-se nos podcasts analisados através da instrução de práticas contra o racismo além do destaque para os desafios enfrentados pelos grupos oprimidos, o desenvolvimento das discussões a partir de uma perspectiva de abundância e a crítica a posições que retratam dor e sofrimento vivenciados por pessoas negras. Estes podcasts também constroem as identidades de seus programas por meio de abordagens que remetem às estratégias de movimentos negros e da imprensa negra, revelando os níveis de consciência racial de suas podcasters, os quais também podem ser influenciados pela vinculação de financiamento e pelo viés editorial.