O presente trabalho tem como objetivo compreender como os desdobramentos dos discursos
de ódio contra os nordestinos se articulam ao fenômeno da desinformação. Neste percurso,
tomamos como objeto de investigação as narrativas publicadas sobre os nordestinos no
Twitter, considerando as eleições presidenciais de 2022 no Brasil. A análise das narrativas
selecionadas será realizada de modo interpretativo e com caráter qualitativo, tendo como
suporte teórico-metodológico a Hermenêutica em Profundidade (HP) de John Thompson
(1995) que, nos permite realizar um processo contínuo de interpretação e reinterpretação
sustentada por um caminho tríplice de análise: contexto sócio-histórico, análise formal ou
discursiva e interpretação dos achados. A escolha do tema se justifica pela repercussão dos
ataques coordenados de ódio contra os nordestinos durante as eleições presidenciais de 2022,
que chegaram a figurar entre os assuntos mais comentados da rede social Twitter. Quantos
aos objetivos específicos, nos propomos a 1- evidenciar como as narrativas publicadas no
Twitter durante o pleito eleitoral reforçam estereótipos e preconceitos contra os nordestinos;
2- desvelar os elementos presentes nas manifestações de ódio direcionadas à região e ao seu
povo; 3- analisar de que forma a desinformação atua como catalisadora desses discursos; e,
por fim, 4- compreender como o resgate de processos históricos podem ser uma ferramenta
de auxílio no estudo e no entendimento do presente. Dessa forma, no primeiro capítulo deste
trabalho abordamos os conceitos e as principais manifestações do discurso de ódio, com
ênfase na xenofobia, além do emprego da desinformação e do discurso de ódio enquanto
estratégias políticas. No segundo capítulo, apresentamos os conceitos de desinformação, seu
panorama histórico contemporâneo e desvelamos sua relação com o discurso de ódio. Para
atender os objetivos desta pesquisa, teremos como suporte os estudos de STEFFEN e
WAINBERG (2008); TEIXEIRA (2018); RÊGO (2021); WARDLE e DERAKHSHAN
(2017); SANTIAGO (2024); BRISOLA E BEZERRA (2018), SOUZA (2018), entre outros
autores.