Em um contexto marcado por desigualdades sociais e pela invisibilização das mulheres, as quebradeiras de coco babaçu do Maranhão emergem como sujeitos históricos que, ao se organizarem em movimentos sociais, ressignificam seus papéis e desafiam as estruturas de poder. Costumeiramente, a sociedade desassocia a mulher de papéis de liderança, sobretudo em contextos subalternos em que o gênero define os domínios. Assim, este estudo tem como objetivo principal analisar como mulheres quebradeiras de coco babaçu no Maranhão do município de São José dos Basílios autoconstruíram a identidade de liderança feminina a partir do processo de constituição e inserção no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu e na Associação de Quebradeiras de Coco Babaçu. A pesquisa evidencia a importância da liderança coletiva nesse processo, caracterizada pela valorização das experiências e saberes das mulheres em sua formação identitária. Metodologicamente, utiliza-se na investigação uma abordagem qualitativa, com dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, questionários e análise de atas e documentos, em estudo de campo realizado na instituição das quebradeiras de coco babaçu. O embasamento teórico desta pesquisa é fundamentado em aportes de diversos autores, como Alain Touraine (2009), Bell Hooks (2019), Djamila Ribeiro (2017), Judith Butler (2016), Patrícia Hill Collins (2020), Rita Segato (2021), Viviane Barbosa (2013-2008) e Zygmunt Bauman (2005). Através da análise das trajetórias das quebradeiras de coco, busca-se compreender como a participação em movimentos sociais contribui para o fortalecimento feminino e para a transformação das relações de gênero.