A presente dissertação tem como objetivo compreender as sociabilidades de jovens em territórios periféricos urbanos, tomando como campo empírico a região da Grande Santa Maria da Codipi, situada na zona norte de Teresina, PI. O trabalho foi construído a partir de pesquisa empírica, na qual foram ouvidos 25 jovens com idade entre 18 a 29 anos, cujas trajetórias são atravessadas por múltiplos marcadores sociais, de classe, raça, gênero e território. São jovens com diferentes orientações de gênero, que vivenciam cotidianamente condições de vulnerabilidade, mas também de (re)existência. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, ancorada no método crítico dialético, que permite compreender a juventude enquanto categoria social e histórica. A partir de referenciais como Pais (2016), Leccardi (2005; 2010), Dayrell (2003, 2007), Margulis (2001), Esteves, Abramovay (2007), o estudo analisa a juventude não como uma fase biologicamente determinada, mas como condição social construída historicamente e marcada pelas diferenças sociais, como classe, gênero e etnia. A partir dos relatos de jovens e de observações de campo, é possível identificar dimensões que marcam a condição juvenil na Santa Maria da Codipi, dentre essas: o trabalho precário e o “bico” como formas de inserção produtiva; diversas trajetórias escolares marcadas por interrupções e desigualdades estruturais; a convivência com a violência no cotidiano do bairro, o risco e o medo como elementos que moldam as sociabilidades de jovens; o lazer como espaço de excitação, pertencimento e, também, de exclusão; atividades em grupo que formam redes de acolhimento e de sentido. Refletimos acerca de cada uma dessas dimensões ao longo da dissertação, apoiada na noção de “trajetórias ioiô” (PAIS, 2016), evidenciando como as vivências juvenis são marcadas por avanços e recuos; por inseguranças e riscos diante de um futuro cada vez mais incerto. Os jovens da periferia não podem ser compreendidos apenas pela ótica da carência ou da marginalidade, mas também como sujeito social ativo, que constrói sentidos, vínculos e estratégias para existir e resistir. A socialização juvenil, nesse contexto é atravessada por contradições e potencialidades, demandando políticas públicas que reconheçam as juventudes em sua diversidade e que garantam condições concretas de vida, dignidade e participação social.