Esta dissertação investiga como os discursos de gênero operam como dispositivos de poder na Educação Infantil brasileira, em diálogo com as estruturas da colonialidade. Utilizando uma metodologia qualitativa de natureza participante, com base em observações e registros de campo realizados em uma escola pública, a pesquisa analisa práticas pedagógicas, documentos curriculares e dinâmicas cotidianas que operam na produção e regulação de subjetividades infantis. Apoiada em autoras como Joan Scott (1990), Judith Butler (2003; 2019), Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (2021), María Lugones (2014; 2020) e Catherine Walsh (2005; 2007), a dissertação evidencia como o currículo e os saberes escolares reproduzem uma lógica binária, cisheteronormativa e racializada, resultado de um projeto moderno-colonial de poder, como problematizado por Quijano (2005) e Mignolo (2008). Além da análise documental, a escuta das educadoras e a observação das práticas cotidianas revelam tanto a reprodução quanto as resistências aos discursos normativos de gênero no chão da escola. A partir da crítica à colonialidade do saber, do ser e do poder, propõe-se uma pedagogia decolonial que valorize epistemologias plurais e a diversidade de formas de existência. O estudo contribui para o debate sobre justiça cognitiva e reafirma a urgência de repensar o currículo da Educação Infantil como espaço político e afetivo, comprometido com a liberdade e a dignidade de todas as infâncias