Diante do diagnóstico de uma criança, as famílias enfrentam o desafio de se adaptarem à nova e inesperada realidade de ter uma criança com autismo, sendo necessárias a reorganização dos papéis familiares e a busca por um tratamento adequado. O objetivo da pesquisa foi analisar o desempenho ocupacional e a qualidade de vida das mulheres cuidadoras de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Trata-se de um estudo prospectivo, analítico, transversal, com abordagem quantitativa, uma vez que buscou analisar e descrever o desempenho ocupacional e a qualidade de vida das cuidadoras de crianças com Transtorno do Espectro Autista. O local da pesquisa foi no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Dr. Alexandre Nogueira e na Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA-PI), ambos em Teresina – PI. Para a coleta de dados foram utilizados quatro instrumentos com 45 cuidadoras: Questionário sociodemográfico, Questionário de Qualidade de Vida no Autismo (QoLA), Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) e Escala de Sobrecarga do Cuidador de ZARIT (Zarit Burden Interview – ZBI). Resultados: Com a aplicação dos instrumentos, verificou-se que o cuidado com crianças com Transtorno do Espectro Autista afeta o desempenho ocupacional e a qualidade de vida das cuidadoras. Conclusão: O estudo evidenciou que o cuidado de crianças com Transtorno do Espectro Autista impacta significativamente o desempenho ocupacional e a qualidade de vida das cuidadoras. Observou-se maior sobrecarga entre as mães, especialmente entre as que têm baixa renda e baixa escolaridade, o que reflete desigualdades estruturais de gênero e de acesso. A renda e a escolaridade mostraram-se determinantes críticos do bem-estar, mediadas pelo apoio social e pela literacia em saúde. As cuidadoras apresentaram baixo escore de desempenho e de satisfação ocupacional, além de altos níveis de sobrecarga e comprometimento da qualidade de vida; portanto, o cuidado contínuo exige a reorganização de papéis e o suporte intersetorial efetivo.