Introdução: Em saúde da mulher, são vários os assuntos que norteiam as preocupações relacionadas a maternidade, sobretudo em contextos de vulnerabilidade social. O presente estudo aborda a importância do planejamento reprodutivo como estratégia para garantir a autonomia feminina na escolha de métodos contraceptivos seguros e eficazes, particularmente a implantação do dispositivo intrauterino (DIU) em puérperas vulneráveis, prevenindo gestações não planejadas e contribuindo para a redução da mortalidade materna. Objetivo: Realizar um estudo de viabilidade da implantação de DIU no pós-parto imediato em puérperas vulneráveis atendidas em um centro obstétrico. Metodologia: A presente pesquisa trata-se de um estudo observacional e analítico, de caráter documental, com abordagem quali- quantitativa e corte transversal, com o intuito de registrar e descrever o perfil sociodemográfico e clínico, bem como avaliar a possibilidade da implantação do DIU como estratégia de intervenção em saúde pública para puérperas em situação de vulnerabilidade social. Resultados e Discussão: A amostra final utilizada na presente pesquisa foi composta por 210 puérperas em situação de vulnerabilidade social, revelando um perfil de baixa escolaridade, renda inferior a um salário mínimo e alta prevalência de multíparas, refletindo marcadores sociais e obstétricos que influenciam o acesso à saúde e à contracepção no puerpério. A maioria das mulheres realizou pré-natal, mas uma parcela delas realizou uma quantidade de consultas considerada insuficiente, sendo que gestantes com partos prematuros realizaram, no geral, menos consultas. Além disso, a menor escolaridade esteve associada a maior paridade e maior prevalência de parto vaginal, enquanto rendas mais baixas estiveram mais associadas a maior prevalência de cesáreas. Observou-se que 59% das participantes não utilizavam métodos contraceptivos antes da gestação em questão. Ademais, notou-se a ausência de contraindicações absolutas para a inserção do DIU na grande maioria das puérperas. Tais resultados sugerem a viabilidade da implantação do DIU no pós-parto como estratégia eficaz para o planejamento familiar e redução da mortalidade materna nesta população. Nesse contexto, a proposta é apresentada como uma alternativa de longa duração e baixa taxa de falha, o que é muito relevante para populações vulnerávies, que enfrentam barreiras no acesso a métodos contraceptivos. Conclusão: A partir dos resultados observados, pode-se concluir que a implantação do DIU pós-parto na população avaliada é uma estratégia viável e promissora para o planejamento reprodutivo nesta população vulnerável. Mesmo diante de desafios relacionados à baixa renda, baixa escolaridade, pouco acesso à saúde e informação, a grande maioira das puérperas não apresentou comorbidades ou contraindicações para a inserção do dispositivo, reforçando a escolha deste método para a prevenção de gestações não planejadas e de mortes evitáveis.