O bullying e a Afetividade Negativa são amplamente discutidos na seara dos
estudos da psicologia, especialmente em contextos envolvendo crianças e
adolescentes. A Afetividade Negativa é um constructo psicológico composto
pelos fatores ansiedade, depressão e estresse. Evidências indicam que a vivência
de bullying pode estar associada a níveis elevados de Afetividade Negativa,
contribuindo para o aumento do sofrimento psicológico nesse público. Diante
disso, chegou-se à seguinte questão problema: Como o bullying e suas diferentes
formas de envolvimento (vitimação e perpretação) estão relacionados à
Afetividade Negativa em crianças e adolescentes? Para responder a indagação,
foram realizados dois estudos. O estudo 1 teve como objetivo reunir evidências
de validade fatorial e precisão da medida Depression Anxiety Stress Scales -
Youth Version (DASS-Y) para o contexto brasileiro. Foram realizadas análises
fatoriais exploratória, além da Teoria de Resposta ao Item (TRI). As análises
foram realizadas nos softwares Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS), Jeffreys's Amazing Statistics Program (JASP) e R, e incluíram métodos
como análise fatorial categórica, utilizando o estimador Diagonally Weighted
Least Squares (DWLS) e a Teoria de Resposta ao Item (TRI), especificamente o
modelo de resposta graduada. Os resultados confirmaram a estrutura trifatorial
(depressão, ansiedade e estresse) da escala, com indicadores de ajuste adequados
(CFI = 0,91). As subescalas demonstraram alta consistência interna (α variando
entre 0,85 e 0,87). O estudo 2 teve como objetivo adaptar e validar a Escala de
Depressão, Ansiedade e Estresse - Versão Juvenil (DASS-Y) no Brasil. Também
se investigou a relação entre bullying e Afetividade Negativa. Para atingir tais
objetivos foram realizadas Análises Fatoriais Confirmatórias (AFC) e
Modelagem por Equações Estruturais (AEE). As análises foram realizadas nos
Softwares SPSS, JASP e R. Os resultados revelaram uma estrutura trifatorial,
com índices de ajustes adequados (CFI = 1,0, TLI = 1,0, RMSEA = 0,00). As
análises inferenciais realizadas identificaram que tanto a vitimação quanto a
perpetração de bullying estão associadas a níveis mais altos de Afetividade
Negativa. A análise estrutural indicou que o modelo testado se ajustou
significativamente melhor aos dados observados do que o modelo baseline,
oferecendo forte suporte estatístico para a robustez do modelo. Os achados desta
pesquisa oferecem contribuições relevantes, como a validação de um instrumento
psicometricamente robusto para avaliar Afetividade Negativa em jovens
brasileiros e a ampliação do entendimento sobre o impacto do bullying na saúde
mental. Conclui-se que intervenções devem priorizar ações voltadas para suporte
emocional e estratégias de enfrentamento que atenuem os efeitos negativos do bullying