Apesar dos avanços alcançados pelo Sistema Único de Saúde nos últimos anos, ainda é
evidente a dificuldade em superar a fragmentação das ações e de qualificar a gestão para o
cuidado integral. São várias as iniciativas para a construção de consensos em torno do tema.
Entre elas, destaca-se a discussão sobre o modelo de atenção ao parto, com o objetivo de atingir
padrões aceitáveis e redução dos indicadores, aproximando-se das taxas alcançadas em outros
países. A despeito da progressão no atendimento da saúde da mulher e da criança, a grande
dificuldade ainda se encontra na redução da morbimortalidade materna, neonatal e infantil.
O objetivo deste estudo é analisar o processo de implantação da Rede Cegonha no Estado do Piauí.
Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa do tipo descritiva, desenvolvido mediante
realização de pesquisa exploratória, bibliográfica e documental. Conclui-se que, após analisar
indicadores de processo e de estrutura de cada fase antes e após a implantação da RC,
bem como do cumprimento do desenho programado nos Planos de Ação das regiões de saúde
que receberam recursos financeiros da União, que embora os avanços tenham sido expressivos,
com o coeficiente de mortalidade diminuindo, com tendência temporal decrescente, seus valores
são ainda elevados e discrepantes em relação aos avanços ocorridos no país quanto a criação
de estratégias de enfrentamento e de ações para ampliação e qualificação do acesso ao planejamento
reprodutivo, pré-natal e puerpério. Portanto, a melhoria da prestação dos serviços de saúde
constitui grande desafio, considerando que ainda existem falhas quanto à cobertura, qualidade
e continuidade da atenção, bem como no acesso igualitário aos serviços de saúde. Necessita, pois,
melhorar a qualidade do pré-natal e das ações de educação em saúde, permitir o acesso aos
exames necessários, favorecer o conhecimento prévio da gestante do local do parto, fortalecer
o acompanhamento à mulher no puerpério e à criança. A heterogeneidade das TMN e TMI,
assim como o excesso de intervenções cirúrgicas, resultando em elevadas taxas de cesáreas,
evidencia a persistência de desigualdades sociais nas diversas regiões do Estado.