Introdução: As taxas de cesárea estão aumentando em todo o mundo, mas existe alguma preocupação com essa tendência, por causa do seu potencial ao risco materno e perinatal. A classificação Robson é o método padrão para monitorar e comparar as taxas de cesárea. Nosso objetivo foi avaliar as taxas de cesárias segundo a Classificação de Robson em um período retrospectivo (2014-2017) em três estabelecimentos de saúde do município de Parnaíba-Piauí. Categorizamos os dados pela Classificação dos grupos de Robson e descrevemos o tamanho relativo de cada grupo, a taxa de cesáreas em cada grupo e as contribuições absolutas e relativas de cada um para a taxa global de partos cesáreos. As diferenças foram analisadas por média e desvio-padrão e analisados pelo teste ANOVA seguido do pós-teste de Bonferroni utilizando o software Statistical Packcage for the Social Sciences. Aplicou-se estatística descritiva para a verificação da associação entre as variáveis do estudo. Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p ≤ 0,05. O risco relativo foi calculado com um intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os grupos Robson com maior impacto na taxa de cesáreas foram o G1, G2, G3 e G5. As maiores taxas de cesáreas no grupo 1 (nulípara, feto único, cefálico ≥37 semanas e trabalho de parto espontâneo) foram encontradas na Maternidade Marques Bastos com média global dos 4 anos de 39,77%. Já no grupo 2 (nulípara, feto único, cefálico, ≥37 semanas, trabalho de parto induzido ou cesárea antes do trabalho de parto) a média geral de cesáreas com maior expressão se deu na SANTA CASA com 99,11%. Observou-se altas taxas de cesárias no grupo 3 na Maternidade Marques Bastos com média de 20,22% , essa taxa aponta provavelmente relacionada a incorreta classificação da gestante. É notório o constante crescimento das taxas de cesáreas no grupo 5 em todas as instituições pesquisadas: HEDA de 53,13% (2104) para 63,89% (2017); MMB de 85,08% (2014) para 86,34% (2017) e SANTA CASA de 96,33% (2014) para 97,41% (2016) com leve declínio em 2017 com 96,18%. Identificou-se uma tendência a multiparidade da população, altos índices no processo de indução e realização de parto cesárea por agendamento sem tentativa prévia de parto vaginal e consolidação da cultura de que “uma vez parto cesáreo sempre cesáreo”. Conclusões: As políticas públicas devem ser dirigidas a reduzir as taxas de cesáreas em gestantes, especialmente através da redução do número de partos cesáreos eletivos nestas mulheres e, incentivar o parto vaginal após cesariana para reduzir a taxa de cesarianas de repetição. É necessário construir e aplicar um projeto de intervenção nessas instituições com a finalidade de desenvolver um olhar crítico, reflexivo e construtivo como ferramenta de empoderamento ao protagonismo dos profissionais obstetras em construir e/ou modificar suas realidades mediante a transformação do processo de trabalho, potencializar a escuta qualificada e as boas práticas de atenção ao parto e nascimento.