Este estudo objetivou realizar um levantamento etnofarmacológico das plantas medicinais utilizadas no puerpério, por moradoras dos municípios que compõem a Planície Litorânea – Piauí e contribuir com o uso racional de plantas medicinais. É um estudo exploratório, analítico, observacional do tipo levantamento de campo, realizado com uma amostra de 411 mulheres, cujos partos ocorreram em 2017 e com 06 pessoas reconhecidas como detentoras de conhecimento sobre plantas medicinais, denominadas neste trabalho de Sementes. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas utilizando dois formulários semiestruturados, e de acordo com as respostas para o uso de plantas com utilidade no puerpério foi analisado quanto a Frequência Relativa de Citação (FRC), o Valor de Uso de cada espécie (VUs), Concordância de Uso Principal (CUP) e Concordância corrigida quanto aos Usos Principais (CUPc). Para a espécie vegetal que apresentou um maior valor de uso foi coletada uma exsicata, em local indicado por informantes, identificada e catalogada no Herbário Afrânio Gomes Fernandes da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e realizada uma prospecção científica nas bases Pubmed, Scielo e ScienceDirect e uma prospoecção tecnológica nas bases de dados de patentes: Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), United States Patent and Trademark Office (USPTO), European Patent Office (EPO) e World Intellectual Property Organization (WIPO). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPI, CAEE: 78869817.4.0000.5214. Os dados foram catalogados em planilhas do Excel e realizadas análises descritivas e inferenciais através do PASW (SPSS – Statistical Package for the Social Sciences) versão 21. Os resultados evidenciaram associação entre o uso de plantas medicinais no puerpério com a faixa etária 20-35 anos (p:0,009), presença de um parceiro intimo (p: 0,016), tipo de parto (p: 0,032), fonte do conhecimento sobre plantas medicinais (p: 0,007) e número de gestações (p: 0,001). 37 espécies vegetais foram mencionadas com uso no puerpério, sendo a ameixa, aroeira, cajueiro, cidreira, mastruz, hortelã, erva doce, amburana, capim limão, jucá, algodão, arruda e camomila as que obtiveram maior CUPc, com destaque para Ameixa (Ximenia americana) com os maiores valores de FRC (0,167), VUs (0,192) e CUPc (67,14) e cuja prospecção científica e tecnológica identificou 85 publicações, a maioria estudos etnofarmacológicos, realizados em países africanos e no Brasil e 8 depósitos de patentes, quatro nacionais, com inovação na área de preparações medicinais e cosméticas. Conclui-se que existe o uso de plantas medicinais no puerpério, que está associado a fatores culturais e sociais, há consenso entre os usos populares descritos e a literatura, com grande influência de crenças culturais na forma de uso das plantas medicinais. A Ximenia americana tem grande potencialidade para cuidados no puerpério, por sua grande aceitabilidade na Planície Litorânea e, sobretudo por suas propriedades terapêuticas.