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INTRODUÇÃO: A fisiopatologia da COVID-19 é marcada por intensa inflamação, estresse
oxidativo e peroxidação lipídica, sendo a vitamina E cotada como possível nutriente protetor na
infecção pelo SARS-CoV-2 devido ao seu papel antioxidante. OBJETIVO: Avaliar as
concentrações plasmáticas de vitamina E e investigar sua correlação com marcadores de
inflamação, estresse oxidativo, peroxidação lipídica e risco cardiovascular em indivíduos com
COVID-19. METODOLOGIA: Trata-se de pesquisa desenvolvida a partir de um recorte do
Projeto "Estudo clínico randomizado dos efeitos de atazanavir, daclatasvir e ivermectina em
pacientes ambulatoriais com diagnóstico confirmado de COVID-19", realizado em Unidades
Básicas de Saúde, destinadas a atendimentos de pacientes com sintomas gripais em Teresina-PI. A
amostra foi composta por adultos com sintomas gripais, entre 3 e 7 dias, que realizaram o RT-PCR
para diagnóstico de COVID-19. Foi utilizado um questionário para a coleta de dados
socioeconômicos, clínicos e antropométricos. A análise plasmática de vitamina E foi realizada por
HPLC e foram avaliados marcadores de estresse oxidativo, inflamatórios, peroxidação lipídica,
perfil lipídico e aterogênico. O projeto maior foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (no
4.274.650). RESULTADOS: A pesquisa foi estruturada em três capítulos, sendo o primeiro, um
artigo de revisão sistemática que investigou o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 nas
concentrações de vitamina E e no estresse oxidativo, observando-se maior risco a baixas
concentrações dessa vitamina, acompanhada por redução nas enzimas antioxidantes e aumento dos
marcadores de peroxidação lipídica. O segundo capítulo, artigo original, avaliou as concentrações
plasmáticas de marcadores oxidativos e de vitamina E em pacientes com COVID-19 e indivíduos
com síndrome gripal. A amostra foi composta por 303 indivíduos, apresentando maior prevalência
de deficiência dessa vitamina (65,6%, p=0,009) e maior média de catalase (p = 0,009) em
indivíduos com COVID-19, principalmente naqueles com baixa vitamina E. Houve correlação
positiva entre as concentrações de vitamina e mieloperoxidase no grupo síndrome gripal (r = 0,30,
p = 0,005), assim como entre as concentrações da vitamina e malondialdeído no grupo COVID-19
(r = 0,23, p = 0,008). O terceiro capítulo, artigo original investigou a relação das concentrações
plasmáticas de vitamina E com o perfil lipídico e risco cardiovascular na COVID-19 (n=153).
Observou-se elevada prevalência de indivíduos com alta carga viral. O grupo com carga viral
baixa apresentou maior prevalência de HDL-c inadequado (p=0,001). Houve elevada prevalência
de risco cardiovascular, sendo o indicador triglicerídeos/ HDL-c superior em pacientes com carga
viral baixa (p=0,001). Houve menor valor médio de vitamina E (p=0,047) e maior média de
Proteína C- reativa (p=0,024) em indivíduos com alta carga viral. A vitamina E apresentou
correlação positiva com malondialdeído e mieloperoxidase (r = 0,244, p=0,002; r = 0,163 p=0,045)
e correlação negativa (r= -0,176; p= 0,031) com LDL-c. CONCLUSÃO: Houve elevada
prevalência de concentrações inadequadas de vitamina E na COVID-19, com aumento do risco
cardiovascular, inflamação e peroxidação lipídica. Esta pesquisa abre caminhos futuros visando
estratégias nutricionais para atuarem na proteção às alterações na COVID-19.