INTRODUÇÃO: A infecção pelo novo coronavírus (COVID-19) tem se configurado como
um dos desafios globais mais prementes nos últimos anos. A nutrição tem ganhado destaque
devido ao seu papel na modulação da imunidade. Evidências sugerem que a vitamina A pode
desempenhar um papel preventivo e terapêutico significativo no combate às infecções
respiratórias, em virtude de seu efeito antioxidante e modulador do sistema imunológico.
OBJETIVOS: avaliar as concentrações plasmáticas de vitamina A na fase inicial da doença e
após a infecção da COVID-19 e sua relação com desfechos clínicos e nutricionais em
pacientes ambulatoriais. MÉTODOS: Trata-se de um recorte observacional de um ensaio
clínico intitulado “Estudo clínico randomizado dos efeitos de Atazanavir, Daclatasvir e
Ivermectina em pacientes ambulatoriais com diagnóstico confirmado de COVID-19”, que foi
realizado em pacientes ambulatoriais atendidos em Unidades Básicas de Saúde da Prefeitura
Municipal de Teresina. Foram incluídos pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, de
ambos os sexos, que apresentaram sintomas gripais agudos leves ou testaram positivo para
SARS-CoV-2. Foi utilizado um questionário estruturado para a coleta de dados
socioeconômicos, clínicos e antropométricos. A quantificação do retinol plasmático foi
realizada por meio de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). RESULTADOS: o
estudo contou com a participação de 127 indivíduos adultos avaliados em dois momentos: no
primeiro momento (T0), foram captados 127 indivíduos com diagnóstico positivo; e 30 dias
após o diagnóstico (T30), 41 indivíduos foram reavaliados. Os resultados indicaram
concentrações limítrofes de retinol no momento T0, com média (DP) de 0,70 μmol/L (0,35
μmol/L). Foi observada uma correlação estatisticamente significativa entre as concentrações
reduzidas de retinol e betacaroteno (p = 0,024). No momento T30, a média (DP) do retinol foi
de 0,76 μmol/L (0,40 μmol/L). Observou-se também uma tendência ao aumento das
concentrações plasmáticas de retinol em indivíduos sem excesso de peso e fisicamente ativos
30 dias após o diagnóstico, embora essa diferença não tenha sido estatisticamente
significativa. Em contraste, indivíduos sem risco cardiovascular, conforme determinado pela
circunferência da cintura, apresentaram concentrações de retinol [média (IC 95%)]
significativamente maiores (p < 0,05) entre os momentos T0 [0,68 μmol/L (0,60 – 0,75)] e
T30 [0,88 μmol/L (0,69 – 1,08)]. No momento T0, também houve correlação estatisticamente
significativa entre as concentrações de retinol com as concentrações de betacaroteno (r =
-0,13; p = 0,009). CONCLUSÃO: As concentrações de retinol apresentam uma tendência à
diminuição em quadros leves de infecção pelo novo coronavírus, entretanto observa-se efeitos
positivos na COVID-19 em concentrações adequadas de retinol, especialmente em adultos
jovens quando relacionado ao estado nutricional e aos parâmetros bioquímicos.