INTRODUÇÃO: A COVID-19 representa um desafio significativo para a saúde pública
global, com aspectos ainda não completamente elucidados de sua fisiopatologia,
especialmente em relação ao papel da vitamina D. OBJETIVO: Investigar a relação entre o
estado nutricional de vitamina D e parâmetros clínicos, hematológicos, inflamatórios e de
estresse oxidativo em pacientes ambulatoriais com COVID-19. METODOLOGIA: A
pesquisa foi estruturada em três estudos complementares desenvolvidos a partir de um recorte
do "Estudo clínico randomizado dos efeitos de atazanavir, daclatasvir e ivermectina em
pacientes ambulatoriais com diagnóstico confirmado de COVID-19", realizado em 3 das 20
Unidades Básicas de Saúde em Teresina-PI destinadas a atendimento exclusivo para pacientes
com sintomas gripais. A coleta de dados foi realizada no período de nov/2020 a jul/2021, antes
do início da vacinação em massa para COVID-19. Foram incluídos pacientes adultos (≥18
anos) com sintomas gripais leves e diagnóstico de COVID-19 por RT-PCR até o 7o dia de
sintomas. As concentrações séricas de vitamina D foram determinadas por
eletroquimioluminescência. Foram avaliados marcadores de estresse oxidativo
(malondialdeído, mieloperoxidase, catalase), inflamatórios (PCR, IL-6, IL-1β, IFN-gama,
TNF-α) e parâmetros hematológicos. O primeiro estudo (n=105) analisou a relação entre
vitamina D, carga viral e sintomas. O segundo estudo (n=153) avaliou longitudinalmente o
estado nutricional de vitamina D, consumo alimentar e marcadores bioquímicos durante e
após 30 dias da infecção. O terceiro estudo (n=201) comparou o perfil de vitamina D e
marcadores entre pacientes com COVID-19 e síndrome gripal. O estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com o parecer 4.274.650. RESULTADOS: O primeiro estudo
não encontrou associação entre vitamina D e carga viral, mas identificou relação entre níveis
mais elevados de vitamina D e presença de tosse (p=0,014) e dor no corpo (p=0,029). O
segundo estudo revelou redução significativa nas concentrações séricas de vitamina D após
30 dias (35,13 para 29,34 ng/mL, p=0,041), mesmo com aumento do consumo alimentar (3,95
para 4,71 μg/dia, p=0,025), além de redução significativa de MDA (4,34 para 3,27, p<0,001)
e PCR (9,18 para 3,65 mg/dL, p<0,001). O terceiro estudo demonstrou concentrações mais
elevadas de vitamina D em pacientes com COVID-19 comparados à síndrome gripal (27,39
vs 22,98 ng/mL, p=0,002), além de padrões distintos de marcadores inflamatórios,
especialmente IFNa2 (p<0,001) e IL-1β (p=0,031). CONCLUSÃO: Os achados sugerem um
papel complexo da vitamina D na COVID-19, com possível aumento da demanda durante a
infecção e padrões de resposta diferentes de outras infecções respiratórias. Esta investigação
contribui para o entendimento das alterações metabólicas na COVID-19 leve e fornece
subsídios para estratégias nutricionais específicas.