A contemporaneidade traz diversos modelos midiáticos que estão aprendendo, tempo a tempo, a se adaptar constantemente; vive-se, agora, em um ecossistema de coexistência de modelos massivos e pós-massivos, hegemônicos e alternativos. Um dos modelos que vem apresentando uma alternatividade na produção e no consumo de produtos audiovisuais é a Netflix, empresa que começou em 1997 como uma videolocadora e agora é uma das maiores expoentes mundiais em conteúdos de streaming e VoD; nesse sentido, ela possui uma plataforma com interface interativa rodeada de algoritmos que monitora o comportamento individual de cada assinante, a fim de ofertar filmes e séries baseados na escolha dos consumidores, sem a necessidade de download e com a possibilidade de assistir a qualquer hora, em qualquer tela de dispositivo tecnológico e em qualquer espaço físico que permita o acesso à internet. Assim, partindo da questão-norteadora De que modos múltiplos se comportam os espectadores de filmes enquanto consumidores da Netflix?, a presente pesquisa parte dos estudos acerca das questões do espectador, passando pela experiência enquanto se assiste a um filme, a indústria cinematográfica e as teorias de espectatorialidade, aí focando em Stam (2006) e Andrew (2008); a partir desse ponto, busca-se mostrar o espectador de filme como um consumidor de bens simbólicos, ativando antropólogos como Douglas & Isherwood (1979), McCracken (2003) e Canclini (1997); por fim, ainda no âmbito teórico, utilizam-se autores contemporâneos para debater o consumo do audiovisual digital nos serviços de streaming e VoD, como Tryon (2009), Côrrea (2014) e Anderson (2006), e finaliza apresentando uma linha cronológica do desenvolvimento da Netflix de 1997 até aqui focando em cinco pontos de virada na sua história. Ao utilizar a etnografia com observação participante, tomam-se padrões de comportamentos manifestados no ato de assistir a filmes pela plataforma a partir de 7 pontos de engajamento do público em sessões especiais, cada uma com abordagens distintas, cuja finalidade é perceber quais são os processos que o espectador de filmes na Netflix vai atravessando por sua própria lógica de consumo no caminho de construção de suas subjetividades.