A partir da segunda metade do século XX, a sociedade tem acompanhado o aumento no fluxo de migrantes em diferentes regiões do planeta, especialmente daqueles nomeados refugiados, sujeitos que, em razão de perseguições, guerras ou violações aos direitos humanos, se veem obrigados a deixar seu país, encontrando na migração a única forma de garantir sua sobrevivência. A partir de operações de midiatização, que suscitam atravessamentos entre práticas de diferentes campos em processos que alteram as enunciações, tornando-as cada vez mais complexas, a questão dos refugiados passa a ser discutida em diferentes espaços, desde os noticiários na mídia tradicional, os debates em redes sociais ou mesmo em megaeventos, como no caso desta pesquisa, onde analisamos a midiatização dos refugiados nos Jogos Olímpicos Rio 2016, onde a questão é explorada através do Time Olímpico de Refugiados (TOR), primeira equipe formada exclusivamente por atletas em situação de refúgio a participar da competição. Este estudo se propõe a compreender o que a midiatização da questão dos refugiados produz em termos de operações discursivas na construção de sentidos sobre o Time Olímpico de Refugiados. Para tanto, utilizamos como referente os discursos a respeito do time de refugiados engendrados através de publicações de duas organizações: o United Nations High Commissioner for Refugees (UNHCR) e o Comitê Olímpico Internacional (COI). Buscamos nesse processo, entender como os refugiados são midiatizados a partir de discursos sobre o time, utilizando a Análise de Discursos, a partir de estudos de referenciais de Verón (2004), Pinto (2002) e Fausto Neto (2012), como referente para análise do material empírico constituído por notícias publicadas em páginas especificas criadas para o time nos sites das duas organizações citadas. Em nossas discussões teóricas, nos apoiamos em estudos sobre midiatização de Braga (2012), Fausto Neto (2008; 2012; 2018), Gomes (2008) e Xavier (2014), sobre migrações a partir de Cogo (2006), Sassen (2016) e Wenden (2016) e acerca da questão dos refugiados recorremos a Agier (2006; 2011) e Bauman (2017). Por meio da análise realizada, observamos como a midiatização da questão dos refugiados possibilita a produção de sentidos acerca desses sujeitos, bem como em relação ao contexto social no qual essas populações estão inseridas.