Os hábitos de consumo de conteúdo audiovisual dos brasileiros têm sofrido mudanças ao longo do tempo e nos últimos anos este processo se intensificou mais ainda graças ao investimento em tecnologia, aliado à iniciativa do capital em reproduzir-se por meio da criação de produtos e material que atendem às demandas individuais. Compreende-se que a audiência não é mais uma massa generalizada, mas sim grupos de interesse dentro de um segmento maior. É a partir desta noção que grupos tradicionais de mídia, que se consolidaram em modelos de comunicação pautados na generalização e na emissão, desenvolvem catálogos de conteúdo e ofertam material multimídia sob demanda, que atendam aos gostos e a disponibilidade de cada um. Posto isto, e compreendendo que os investimentos em novas plataformas são, antes de tudo, movimentos políticos e econômicos, o presente trabalho se propõe a discutir como o meio tradicional televisão têm se adequado a este modelo se comunicação emergente que é o sob demanda, a partir de um estudo de caso da plataforma Globo Play, pertencente ao principal grupo de mídia televisiva do país, a Rede Globo. A hipótese central é a de que as ferramentas on-demand, neste caso o Vídeo Sob Demanda, entram no mercado não para substitui a TV, mas para complementá-la e adequar seu modelo produtivo às novas exigências do público e do mercado. Têm-se em mente que a entrada dos novos players propõe uma série de mudanças na cadeia produtiva e nas negociações entre os agentes que compõem o setor. Portanto, para entender como a TV de apropria do VoD, emprega-se como base teórica a Economia Política da Comunicação (EPC), que se dedica a conhecer as relações de poder determinantes para a conformação do cenário mercadológico.