O presente trabalho tem por objetivo analisar a produção do acontecimento e de sentidos sobre as Diretas Já, nos jornais O Dia e O Estado da capital Teresina (PI) entre os anos de 1980 a 1984. Trata-se do período final do regime civil-militar (1964-1985), em que com a proposta de abertura política do presidente João Figueiredo (PDS/1979-1985) se acendeu no debate sobre as eleições diretas no país, para os cargos de governador e presidente da república, marcado pela Emenda Lobão e a Emenda Dante de Oliveira, respectivamente. O corpus da pesquisa é formado pelas matérias que tem como pauta o movimento pelas eleições diretas e a campanha Diretas Já nos jornais O Dia e O Estado, publicadas no período de 1980 a 1984. A teoria/metodologia adotada neste trabalho é a Análise do Discurso, a na perspectiva de Foucault (2004). Ainda foram acionadas as proposições teóricas de França (2012), que conceitua o acontecimento no jornalismo e o Charaudeau (2015) apontando os múltiplos discursos que se pode destacar em uma informação midiática. Pretende-se, portanto, compreender as estratégias discursivas que deram visibilidade ou silenciaram o movimento Diretas Já nos jornais O Dia e O Estado; entender o processo de produção das notícias e a produção de sentido que foram construídas sobre o movimento Diretas Já e a atuação dos partidos políticos e entidades de classes na organização de movimentos e manifestações contrárias ao regime ditatorial instaurado em 1964 no Brasil; Comparar a produção discursiva dos jornais O Dia e O Estado o movimento Diretas Já e as lideranças políticas e sindicais que estavam à frente das manifestações populares que lutavam pela redemocratização do país e eleição direta para os cargos executivos. Pode-se afirmar que os anos 1980 foram cruciais para o processo de redemocratização do Brasil, não apenas no viés político, mas também social, econômico, cultural e para a própria imprensa brasileira, que em meio a este cenário de transformações, foi se modernizando, porém, sem quebrar relações com os governos.