Ao longo da história, a mídia, os meios de comunicação em geral, as obras literárias, músicas, jornais, discursos em redes sociais da internet, discursos políticos, a própria historiografia etc, sustentam a imagem do Nordeste miserável e predestinado ao flagelo da seca. É comum pensar a imagem do nordestino baseada na produção cultural brasileira e nos discursos de habitantes de outros locais do Brasil. Quando o termo vaqueiro nordestino é utilizado nesta pesquisa, está se levando em conta o sujeito cultural vaqueiro construído e propagado nesse gênero musical, bastante difundido no ramo, nos últimos três anos, de 2016 a 2019. Mas, afinal, o que é o forró vaquejada ostentação e quem seria este novo vaqueiro de luxo? Quando citada a expressão Vaqueiro de Luxo, é importante deixar claro, aqui, que esta definição é um termo utilizado nesta pesquisa para designar possíveis novas referências identitárias do sujeito em questão. Os observáveis desta pesquisa, as bandas Mano Walter e Junior Viana, cujos materiais serão analisados (músicas, vídeos, entrevistas, imagens, discursos) denominam-se pertencentes a este novo estilo musical, onde as letras das músicas, as vestimentas, as histórias caracterizam o que chama-se de “ostentação” que, segundo o Dicionário Aurélio, o termo significa “Mostrar com alarde; exibir; alardear”. A identidade cultural do vaqueiro nordestino possui, portanto, um caráter mutável, pois se, ao longo dos anos, a literatura, a arte, os discursos políticos e o jornalismo expôs e continua expondo um perfil de nordestino pobre e sofredor, onde o vaqueiro é o empregado da fazenda, como consta na historiografia regional, por outro lado, agora, a música de forró ostentação mostra um vaqueiro rico, não mais empregado e, sim, patrão, possuidor de bens luxuosos. A justificativa para a realização desta pesquisa fundamenta-se na necessidade de observar a influência da mídia na formação identitária dos sujeitos.