O presente trabalho tem como objetivo compreender como se dá a construção da figura do louco no Piauí por meio de matérias jornalísticas do Jornal O Dia que fazem referência à loucura. A pesquisa tem como marco temporal e espacial a Reforma Psiquiátrica no Brasil, movimento que tomou força na segunda metade da década de 1970 e busca substituir o modelo hospitalocêntrico-manicomial por um atendimento descentralizado, multiprofissional e desenvolvido a partir de políticas públicas de saúde mental. Partindo disso, esta dissertação tem como recorte temporal o período iniciado em 1o de janeiro de 1970 e finalizado em 31 de dezembro de 2019. Nesse sentido, parte-se de uma contextualização histórica sobre a loucura no mundo, compreendendo como se constitui a figura do louco, como se deu e como se dá essa fabricação que atinge diretamente o entendimento social piauiense sobre a pessoa considerada louca e suas variáveis. A pesquisa tem como guia metodológico a formação discursiva desenvolvida por Michel Foucault (2005) a fim de identificar determinadas construções simbólicas existentes nos enunciados analisados. Como resultado da pesquisa, identificamos que a construção da figura do louco no Piauí por meio do Jornal O Dia aconteceu de modo a cristalizar o senso comum que associa a figura do louco à periculosidade, à agressividade, à dependência e à instabilidade. Observamos que o louco é representado, em sua maioria, reforçando os estigmas existentes relacionados constantemente às pessoas com transtornos mentais e que uma pequena parcela das notícias analisadas revelam uma preocupação jornalística em desconstruir esses estigmas.